Por que devo me cadastrar como doador de medula óssea? (Mesmo durante a pandemia)

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O cadastro de novos doadores de medula óssea no Brasil caiu consideravelmente em 2020.

Tabela abaixo traz os dados do REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea):

Os Hemocentros Regionais são responsáveis por cadastrar os interessados em se tornar doadores de medula óssea. Os dados são agrupados em um registro único e nacional, o REDOME. Um indivíduo pode ser voluntário para a doação de sangue, doação de medula ou de ambos. É importante que este desejo seja explicitado no momento do cadastro.

“Para os pacientes que necessitam de um transplante de medula óssea e não encontraram nenhum doador na família, cada novo cadastro de doador é uma chance. A população brasileira possui uma grande diversidade genética, então embora o REDOME possua muitos doadores cadastrados, encontrar alguém compatível ainda é uma batalha contra as probabilidades”, explica Cynthia Greenfield, graduada em Farmácia e Bioquímica pela UFPR, com especialização em Imunogenética pela PUC-PR e experiência na área de histocompatibilidade (HLA) desde 2008 na Biometrix Diagnóstica.

É seguro doar sangue em meio a pandemia?

O Ministério da Saúde orienta a realizar doação de sangue mesmo durante a pandemia, pois o consumo de sangue é contínuo e não diminuiu nesse período. Pessoas com anemias crônicas, em tratamento para o câncer, acidentados com grandes perdas sanguíneas, entre outros casos, ainda precisam da transfusão de sangue e hemocomponentes.

O sangue é insubstituível e muitas vezes determinante para a manutenção da vida e do sucesso no tratamento.

A doação de sangue é segura e não representa risco para quem doa. No Brasil há cerca de 32 Hemocentros e aproximadamente 500 serviços de Hemoterapia, que estão preparados para receber os doadores de maneira segura mesmo durante a pandemia.

Todos esses locais estão adequados às medidas de precaução relacionadas ao distanciamento entre pessoas, para evitar aglomeração e dispõe também de locais próprios para a lavagem e higiene das mãos. Além disso, os cuidados com a limpeza das áreas, instrumentos e superfícies também foram intensificados.

Doação de Medula Óssea

Caso o doador de sangue também deseje realizar seu cadastro no REDOME, uma pequena amostra de sangue (5mL) é coletada para análise de histocompatibilidade. Se houver um receptor compatível no sistema, o doador será contactado realizar novos exames e possivelmente efetivar a doação.

Normalmente quem se cadastra como doador de medula óssea é também doador de sangue. Mas é importante lembrar que em alguns casos, mesmo quem não pode doar sangue, pode se cadastrar como doador de medula.

O transplante de medula óssea é necessário para o tratamento de pacientes com leucemias, além de portadores de aplasia de medula óssea e síndromes de imunodeficiência congênita.

Na maioria desses casos apenas o transplante pode salvar a vida do paciente.

Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:

Ter entre 18 e 55 anos de idade

Estar em bom estado de saúde

Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite)

Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).

“Estima-se que a chance de se encontrar um doador não-aparentado compatível seja de 1 a cada 100 mil. Quando aumentamos o número de pessoas cadastradas, encurtamos a distância entre o paciente e um potencial doador”, comenta Greenfield.

Um cadastro que salva vidas

Carlos Alberto Rezende, de Campo Grande (MS), teve aplasia medular severa e sua única chance de sobreviver seria por meio do transplante de medula óssea. A busca por um doador compatível aconteceu por meio do (REDOME) onde o doador Luiz Eduardo Pereira de Andrade, de Rio Azul (PR) havia se cadastrado.

O transplante ocorreu em 2016, Carlos respondeu bem ao transplante e foi curado. Em 2019 Carlos e Luiz Eduardo se encontraram pela primeira vez, na primeira edição dos Jogos Brasileiros de Transplantados onde Carlos participou do atletismo.

“O sangue que está circulando no meu doador não poderia me salvar se ele não tivesse estendido o braço, sair da zona de conforto, para se colocar como doador voluntário. Eu tive a chance de ter essa sobrevida garantida por ele”, relata Carlos.

Veja o relato completo: