Além da Covid, neste período aumentam os casos de infecções respiratórias. Saiba qual a melhor forma de diferenciar cada uma delas
Com a chegada dos dias mais frios geralmente aumentam os casos de infecções respiratórias, principalmente em crianças e idosos. Além disso, em 2021 vamos ter o desafio de conviver com a Covid e os demais vírus sazonais, como alerta Dr Mauro Toporovski, pediatra e professor de medicina da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo: “Eles aumentam realmente a frequência no outono e inverno porque as crianças ficam muito juntas nas escolinhas várias horas. Esse ano a gente vai conviver com a Covid junto com essas infecções. Aliás, já tem aumentado a incidência delas no momento”.
Por isso, é importante que o médico realize a diferenciação desses vírus para que tenha a melhor conduta. Bem como, isso evita que o paciente evolua para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Os riscos da SRAG
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) é uma complicação de uma infecção respiratória. Os sintomas geralmente são:
Febre súbita com tosse ou dor de garganta.
Dor de cabeça, muscular ou nas articulações.
A princípio, a pandemia de Covid-19 tornou a Síndrome Respiratória Aguda Grave uma das principais causas de morte no Brasil em 2020. Os casos relacionados ao novo coronavírus são a grande maioria. Contudo, não se pode deixar de observar que outros vírus estão causando SRAG em crianças.
De janeiro a março de 2021, quando realizado teste para diferenciação das infecções respiratórias em pacientes até 14 anos, percebeu-se que a SRAG foi causada pelo novo coronavírus em 65,7% dos casos, seguido do Vírus Sincicial Respiratório (VSR) com 31% dos casos.
Vírus | < 1ano | 1-4 anos | 5-9 anos | 10-14 anos | Total de Casos |
---|---|---|---|---|---|
Sars-CoV-2 | 68 | 1075 | 566 | 430 | 2139 |
Vírus Sincicial Respiratório | 679 | 290 | 27 | 15 | 1.011 |
Rinovírus | 51 | 118 | 66 | 17 | 252 |
Adenovírus | 10 | 15 | 1 | 1 | 27 |
Influenza | 10 | 6 | 4 | 1 | 21 |
Parainfluenza 2 | 5 | 9 | 1 | 0 | 15 |
Parainfluenza 1 | 5 | 7 | 2 | 0 | 14 |
Parainfluenza 3 | 4 | 3 | 2 | 0 | 9 |
Bocavírus | 2 | 7 | 0 | 0 | 9 |
Rinovírus | 2 | 7 | 0 | 0 | 9 |
“Nas últimas semanas observamos um aumento nos casos de VSR, que afeta muito as crianças”, analisa Marcelo Gomes, responsável pelo boletim Infogripe da Fiocruz.
Mesmo que ainda seja em menor número, o aumento de casos de outros vírus respiratórios preocupa pelo momento que vivemos. “Mesmo que seja num volume muito menor do que os casos de Covid, como a gente já está com a rede de saúde bastante sobrecarregada em praticamente todo o país, qualquer outro caso relacionado a outro vírus respiratório que também demande hospitalização é um problema”, explica Marcelo.
“É só uma virose”. Será?
Imagine que seu filho começa a ter sintomas de infecções respiratórias. Você aceitaria um diagnóstico de “é só uma virose, me liga se não melhorar em 3 dias” ou quer saber o que realmente a criança tem?
Primordialmente, apenas com o exame clínico o pediatra não tem como saber se está ocorrendo uma infecção bacteriana ou viral, por exemplo. Estas infecções têm sintomas muito parecidos. Saber qual está causando a doença é fundamental para que a criança receba rapidamente o tratamento adequado.
Desse modo, Dr. Toporovski sugere que sejam realizadas algumas investigações para diferenciar as infecções, principalmente na fase aguda: “A epidemiologia é muito importante, histórico de contato com alguém suspeito de Covid ou outra infecção respiratória. Para se diagnosticar se utiliza muito hoje a técnica de PCR. Há também kits rápidos para detecção da Influenza e muitos são utilizados dentro do consultório mesmo”.
Tipos de teste para identificar infecções respiratórias
Os diagnósticos laboratoriais são aliados importantes para a diferenciação das infecções. Até o momento, a pandemia da Covid popularizou o conhecimento em relação à função dos testes.
O exame sorológico identifica anticorpos que o organismo já desenvolveu para combater o vírus. É um método mais acessível e de resultado rápido, porém, é menos preciso que o método molecular.
Sobretudo, o teste molecular rastreia a presença material genético do patógeno no paciente, sendo um teste bastante específico e eficaz.
Enfim, existe ainda um tipo de teste molecular que com apenas uma amostra do paciente identifica até 24 patógenos que causam infecções respiratórias. Ou seja, um único teste pode dizer se o paciente está com um desses tipos de vírus ou bactérias:
Adenovírus humano, Bocavírus humano, Bordetella parapertussis, Bordetella pertussis, Coronavírus 229E, Coronavírus HKU1, Coronavírus NL63, Coronavírus OC43, Coronavírus SARS-CoV-2, Coronavírus SARS-like, Enterovírus, Metapneumovírus humano, Mycoplasma pneumoniae, Rinovírus humano, Vírus Influenza A, Vírus Influenza A subtipo H1N1, Vírus Influenza A subtipo H3, Vírus Influenza B.
Dessa forma, é possível saber que tipo de vírus ou bactéria está causando a infecção respiratória, e assim, conduzir a um tratamento adequado.