Leucemia e o gene BCR-ABL: Uma explicação genética para a doença

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Ainda não são plenamente conhecidas as causas da Leucemia, sendo este um grande alvo de estudos e pesquisas. Alguns fatores de risco têm sido associados à doença, como exposição à radiação ionizante e a produtos químicos diversos durante a gestação ou fase inicial da infância, além de algumas síndromes e doenças hereditárias.

Esses fatores podem causar algumas mutações genéticas, e tornar as células normais da medula em células leucêmicas. Uma das mutações relacionadas a leucemia é a formação do gene BCR-ABL no chamado cromossomo Philadelphia.

Este cromossomo aparece em cerca de 25% dos pacientes com Leucemia Linfoide Aguda (LLA), e em cerca de 95% dos pacientes com Leucemia Mieloide Crônica (LMC), sendo assim relacionado diretamente com a LMC. Mas você sabe o que é esse cromossomo?

Os cromossomos

Cada cromossomo é composto por centenas a milhares de genes. Os seres humanos possuem normalmente dentro do núcleo das células 23 pares de cromossomos, totalizando 46 cromossomos. Os pares são diferentes entre si, sendo eles enumerados. Cada par de cromossomos é composto por um cromossomo vindo da mãe e um vindo do pai. Vinte e dois pares são chamados de autossomos e um é chamado de sexual, que define geneticamente o sexo do indivíduo.

O gene BCR-ABL

O cromossomo 9 possui o gene ABL (Abelson Leukemia Gene, nomeado a partir de Herbert Abelson, o cientista que descobriu esse gene), enquanto o cromossomo 22 possui um gene denominado BCR (“breakpoint cluster region”, que significa região de ponto de quebra). O gene BCR-ABL é formado durante a divisão celular, ainda dentro da medula óssea, com uma quebra de partes dos cromossomos 9 e 22, e a junção errada dessas partes, processo chamado de translocação.

O cromossomo formado com o gene BCR-ABL é chamado de cromossomo Philadelphia (nome dado por ter sido descoberto na Philadelphia, no Instituto Winstar), sendo “Ph” a abreviação. Quando a abreviação Ph é seguida do sinal positivo + (Ph+), significa que o paciente é portador do gene BCR-ABL. Quando junto ao sinal negativo – (Ph-), o paciente não possui a mutação genética.

O gene BCR-ABL emite estímulo para que as células produzam uma proteína chamada “BCR-ABL tirosina quinase”, que por sua vez, manda estímulo para as células, para que elas se multipliquem, produzindo muitos granulócitos (glóbulos brancos).

Células de leucemia

A princípio, os granulócitos com o gene BCR-ABL são chamados de “células leucêmicas”. Por se desenvolvem mais rápido que as células sem a mutação, e não morrerem quando deveriam, eventualmente eles se agrupam na medula óssea e eliminam as células saudáveis como os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas, podendo levar a quadros de anemia, infecções ou hemorragias. A LMC é uma leucemia de progressão lenta, não comprometendo por completo o desenvolvimento de células maduras normais, então os pacientes costumam ser diagnosticados antes de apresentarem quaisquer sintomas.

Alguns pacientes com LMC podem apresentar essa aglomeração de células leucêmicas na medula e serem Ph-, ou seja, tendo o gene BCR-ABL não detectável, ou não tendo o gene. No caso de não possuir o gene, alguma outra mutação genética é responsável pela doença. Geralmente nestes casos os pacientes costumam responder menos aos tratamentos, apresentando uma menor sobrevida.

Diagnóstico e monitoramento da leucemia

Para o diagnóstico do gene BRC-ABL em casos de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), e Leucemia Mieloide Crônica (LMC), além do acompanhamento do desenvolvimento das células leucêmicas na medula, a Mobius Life Science conta com um kit molecular específico em seu catálogo.