Trato respiratório inferior
Nessa segunda parte do texto sobre Infecções Respiratórias Agudas (IRA) vamos falar das patologias, complicações, sintomas e diagnóstico que atingem o Trato Respiratório Inferior.
Juntamente com o trato respiratório superior, o trato respiratório inferior é responsável pela nossa respiração e trocas gasosas necessárias para o bom funcionamento do organismo. O trato respiratório inferior consiste em órgãos localizados na cavidade torácica: parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões. As camadas das pleuras e os músculos que formam a cavidade torácica também fazem parte do trato respiratório inferior.
As principais IRAs das vias aéreas inferiores
As infecções nas vias respiratórias inferiores exigem um acompanhamento médico mais próximo e um tratamento mais longo e complexo, pois o agravamento do estado do paciente pode acontecer em questão de horas. Com a imunidade debilitada a probabilidade de evolução da infecção pulmonar para um quadro de sepse é muito grande. Dentre as infecções que podem causar a sepse, a pulmonar é uma das principais.
Qualquer infecção pode causar sepse.
As mais frequentes estão relacionadas:
Pneumonia
A pneumonia é uma infecção dos tecidos pulmonares e alvéolos. Na pneumonia, os alvéolos ficam cheios de secreções purulentas, impedindo a entrada e saída dos gases e impedindo a troca de oxigênio por gás carbônico. Quantos mais alvéolos acometidos, mais grave é o quadro da doença. A pneumonia é uma infecção não contagiosa causada principalmente por bactérias, mas que também pode ser provocada por vírus ou fungos. As bactérias que habitualmente provocam mais pneumonia são: Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis e Staphylococcus aureu. Os vírus mais comuns na pneumonia são: Parainfluenza, Coronavírus, Vírus Respiratórios Sinciciais, Influenza e Adenovírus.
Pode ser classificada em pneumonia adquirida na comunidade (PAC) aquela que acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar ou pneumonia adquirida em hospital (PAH), também conhecida como pneumonia nosocomial, responsável por aproximadamente 15% das infecções adquiridas em hospital. Os sintomas incluem tosse com expectoração, febre (geralmente alta), calafrios, falta de ar, dor no peito quando se respira fundo, dor nas costas, vômitos, perda de apetite e prostração.
O Coronavírus (NL63, Cor63, Cor229, Cor43 e HKU) é comumente associado a resfriados e mostram-se de difícil isolamento em laboratório. Em 2002, surgiu na China um novo coronavírus, causando uma nova doença, que foi denominada SARS (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome). Essa doença se espalhou rapidamente pelo mundo causando pneumonias que cursavam com insuficiência respiratória e alta letalidade, chegando a representar uma grave ameaça à saúde pública mundial.
Bronquiolite
Em geral, a bronquiolite afeta crianças menores de 24 meses de idade e é mais frequente nos bebês com menos de seis meses. Durante o primeiro ano de vida, a bronquiolite afeta cerca de 11 em cada 100 crianças. É uma inflamação dos bronquíolos, uma das regiões mais profundas dos pulmões. É através deles que o ar chega aos alvéolos para que ocorra a troca gasosa. Qualquer processo inflamatório que acometa os bronquíolos causa inchaço, fechando a passagem de ar e aumentando a produção de muco dentro das vias aéreas.
A bronquiolite é uma infecção altamente contagiosa causada por vírus, na maioria dos casos pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), mas outros também podem ser os responsáveis, como: Rinovírus, Influenza, Parainfluenza e Adenovírus. A transmissão é feita de forma semelhante a qualquer outra virose respiratória, como gripes e resfriados.
A bronquiolite começa com os sintomas de um resfriado: corrimento nasal, espirros, febre leve e alguma tosse. Após alguns dias, as crianças desenvolvem dificuldade para respirar e respiram rapidamente e com piora da tosse. Geralmente, as crianças apresentam um ruído agudo quando expiram.
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode afetar os brônquios e os pulmões. Na maior parte dos casos, ele é responsável pelo aparecimento de bronquiolite aguda e pneumonia, especialmente em bebês prematuros e no primeiro ano de vida. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção. O período de incubaçãode VSR varia de 2 a 8 dias, normalmente 4-6 dias.
Bronquite aguda
É uma inflamação da árvore brônquica, geralmente associada com uma infecção respiratória generalizada. A árvore brônquica é composta pelos brônquios (tem o formato de tubos) que carregam o ar para dentro dos pulmões. Quando esses “tubos” estão com alguma infecção ficam inchados e produzem muco (catarro) espesso tornando a respiração difícil.
É quase sempre causada por viroses que atacam a camada interna dos brônquios, causando a infecção. Na maioria das vezes, as mesmas viroses que causam resfriados, causam a bronquite aguda. Dentre os vírus respiratórios que podem estar envolvidos, podemos citar: Adenovírus, Influenza, Coronavírus, e o Rinovírus. Porém, algumas bactérias também podem causar a bronquite aguda, dentre elas: Mycoplasma pneumoniae.
Os sintomas são os mesmos de um resfriado comum seguidos por tosse, com nenhum ou pouco escarro e é o último sintoma a desaparecer, muitas vezes, levando de 2 a 3 semanas. O tratamento, se o paciente não se enquadra nos fatores de risco (idosos, bebês e imunocomprometidos), é apenas sintomático. Mas infelizmente, nesses casos é comum o uso excessivo e desnecessário de antibióticos.
O Adenovírus ocorre em todo o mundo. O vírus tem 52 sorotipos que podem causar desde infecções assintomáticas, faringites, ceratoconjuntivites, gastroenterite, cistite hemorrágica, meningoencefalite, hepatite, miocardite a doença disseminada grave. Pneumonias graves causadas pelo sorotipo 14 foram descritas em adultos e crianças com DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) leve e moderada.
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
É uma condição do sistema respiratório caracterizada por uma diminuição progressiva da capacidade de respirar. Por causa da inflamação crônica e das tentativas do corpo para repará-la, ocorre o estreitamento das pequenas vias aéreas periféricas. Infelizmente, não tem cura. É causada, principalmente, pelo cigarro – o tabagismo está presente em aproximadamente 85% dos casos da doença. A DPOC tem dois componentes, o enfisema pulmonar – que é a destruição dos alvéolos, e a bronquite crônica – a inflamação crônica dos brônquios.
A DPOC é pouco conhecida, mas já atinge 7 milhões de pessoas apenas no Brasil. Mesmo assim, estima-se que 70% dos pacientes com DPOC leve a moderada, permanecerão sem diagnostico. Como as limitações não são reversíveis ou curáveis, é fundamental para a qualidade de vida dos pacientes que a doença seja diagnosticada e tratada de forma precoce.
O diagnóstico molecular para infecções respiratórias agudas
A evolução das metodologias usadas no diagnóstico das infecções de uma maneira geral, é consequência do avanço dos estudos de biologia molecular, imunologia, genética e biotecnologia. O desenvolvimento da cultura de células in vitro possibilitou o isolamento dos vírus associados à essas infecções, inclusive as infecções respiratórias agudas.
A sintomatologia das Infecções respiratórias Agudas é bastante similar, o que torna necessário um sistema de diagnóstico que possa discriminar o agente infeccioso envolvido para a administração correta do medicamento, papel fundamental do diagnóstico molecular.
Kit da XGEN Multiplex Painel Respiratório realiza o diagnóstico molecular 21 patógenos respiratórios simultaneamente, dentre eles: o Parainfluenza (HPIV1-4), Adenovírus (HAdV), Vírus Respiratórios Sinciciais (HRSVA e HRSVB), Influenza A (FLUA) e o Rinovírus (RV).
- Parainfluenza humano 1 (HPIV1)
- Parainfluenza humano 2 (HPIV2)
- Parainfluenza humano 3 (HPIV3)
- Parainfluenza humano 4 (HPIV4)
- Vírus sincicial respiratório A (HRSVA)
- Vírus sincicial respiratório B (HRSVB)
- Coronavírus humano 229E (Cor229)
- Coronavírus humano HKU1 (HKU)
- Coronavírus humano NL63 (Cor63)
- Coronavírus humano OC43 (Cor43)
- Mycoplasma pneumoniae (Mpneu)
- Adenovírus humano (HAdV)
- Influenza A (FLUA)
- Influenza B (FLUB)
- Influenza A H1N1 (H1N1)
- Rinovírus humano (RV)
- Bocavírus humano (HBoV)
- Metapneumovírus humano A (HMPVA)
- Metapneumovírus humano B (HMPVB)
- Parechovírus humano (HPeV)
- Enterovírus (EV)
Referências
- Fundamentação teórica – Infecções respiratórias agudas – UMA – SUS
- http://www.misodor.com/IACRS.php
- Pneumonias virais: aspectos epidemiológicos, clínicos, fisiopatológicos e tratamento – Luiz Tadeu Moraes Figueiredo – Jornal Brasileiro de Pneumologia
- https://www.mdsaude.com
- https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/
- https://www.abcdasaude.com.br/pneumologia/bronquite-aguda
- http://www.dpoc.org.br/
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1 Comment
[…] Os grupos de risco são definidos de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de estudos epidemiológicos e com base no comportamento das infecções respiratórias. Estes são priorizados por terem maiores chances de complicações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave. […]
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