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A mortalidade infantil causada pelo SARS-CoV-2 é maior no Brasil que em qualquer lugar do mundo onde os dados estão disponíveis. Essas mortes são resultado de uma combinação de baixa testagem, falta de diagnóstico adequado e más condições socioeconômicas.

Desde o início da pandemia, a Covid matou mais de 2 mil crianças brasileiras de até nove anos. Destes, 1,3 mil eram bebês menores de um ano, segundo dados do Ministério da Saúde. No Reino Unido, apenas dois bebês dessa idade morreram.

Nos Estados Unidos, o número de bebês com menos de 1 ano que morreram desde o início da pandemia é 17 vezes menor que no Brasil.

É importante que as crianças sejam testadas precocemente e tenham seus sintomas monitorados para que nos primeiros sinais e sintomas de agravamento possam receber tratamento adequado.

Quando visitar o pediatra?

A qualquer sintoma como febre, tosse ou coriza a criança deve ser levada ao médico para investigar se é um caso de Covid ou outro vírus respiratório. Esta foi a orientação do pediatra Dr Mauro Toporovski durante o evento “Diagnóstico das infecções respiratórias concomitantes em meio a pandemia da Covid”.

No vídeo a seguir você pode acessar o evento na íntegra. Dr Toporovski responde a algumas dúvidas sobre a saúde das crianças e a importância de se investigar as doenças respiratórias por meio de testes laboratoriais.

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Principais causas de mortalidade infantil no Brasil

Reduzir a mortalidade infantil é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A meta do Brasil é que até 2030 seja reduzida a mortalidade neonatal para no máximo 5 por mil nascidos vivos e a mortalidade de menores de 5 anos para no máximo 8 a cada mil nascidos.

Segundo estudo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia, o Brasil tem avançado nesse quesito nas últimas décadas. Levantamento mostra de 1990 a 2015 houve redução de 90% da mortalidade infantil no Brasil.

Apesar de todos os avanços, a principal causa da mortalidade infantil ainda é a prematuridade. Algumas doenças infecciosas deixaram de ser predominantes nessas décadas. Por exemplo, as doenças diarreicas eram a segunda principal causa de mortalidade, já em 2015 caiu para a 7ª posição.

As infecções respiratórias caíram da 3ª para 5ª posição até 2015. Mas apesar desses avanços, a pandemia da Covid-19 fez aumentar a mortalidade infantil nessa faixa etária, como mostraram os dados no início dessa matéria.

Ordenação segundo taxas das principais causas de mortalidade em menores de 5 anos por 1.000 nascidos vivos (NV). Brasil, 1990 e 2015.

1990

PosiçãoCausa do óbitoNúmeroTaxa por 1.000 NV
1Prematuridade41.38511,35
2Doenças diarreicas40.37011,07
3Infecções do trato respiratório inferior29.7798,17
4Asfixia e trauma no nascimento13.7843,78
5Anomalias congênitas12.0613,31
6Septicemia e outras infecções9.4212,58
7Desnutrição8.5652,35
8Meningite5.3481,47
9Outras desordens neonatais3.9161,07
10Acidentes de trânsito2.3790,65

2015

PosiçãoCausa do óbitoNúmeroTaxa por 1.000 NVMudança  %(taxa)
1Prematuridade9.5883,18-72
2Anomalias congênitas9.2423,06-7
3Asfixia e trauma no nascimento5.8341,93-49
4Septicemia e outras infecções neonatais5.1121,69-34
5Infecções do trato respiratório inferior4.6771,55-81
6Outras desordens neonatais4.4051,4636
7Doenças diarreicas1.7610,58-95
8Meningite9450,31-79
9Desnutrição9380,31-87
10Aspiração de corpo estranho8060,27-34

Outro efeito da pandemia foram as interrupções nos serviços de saúde infantil e materna. Serviços como exames, vacinações e cuidados pré-natais e pós-natais não aconteceram devido à falta de recursos ou receio de usar de serviços de saúde durante a pandemia.

Uma pesquisa do Unicef realizada em 77 países mostrou que quase 68% dos países tiveram, pelo menos, uma interrupção nos exames de saúde para crianças e nos serviços de imunização. No Brasil, muitas Unidades de Saúde deixaram de atender consultas eletivas para abrir leitos de enfermaria e UTI a fim de atender os casos de Covid-19.

“É só uma virose”. Será?

Imagine que seu filho começa a ter sintomas de infecções respiratórias. Você aceitaria um diagnóstico de “é só uma virose, me liga se não melhorar em 3 dias” ou quer saber o que realmente a criança tem?

Primordialmente, apenas com o exame clínico o pediatra não tem como saber se está ocorrendo uma infecção bacteriana ou viral, por exemplo. Estas infecções têm sintomas muito parecidos. Saber qual está causando a doença é fundamental para que a criança receba rapidamente o tratamento adequado.

Desse modo, Dr. Toporovski sugere que sejam realizadas algumas investigações para diferenciar as infecções, principalmente na fase aguda: “A epidemiologia é muito importante, histórico de contato com alguém suspeito de Covid ou outra infecção respiratória. Para se diagnosticar se utiliza muito hoje a técnica de PCR. Há também kits rápidos para detecção da Influenza e muitos são utilizados dentro do consultório mesmo”.

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