A espondilite anquilosante (EA) é uma doença autoimune que provoca a inflamação articular progressiva de grandes articulações, principalmente a coluna. É caracterizada por dores nas costas e rigidez. Os primeiros sintomas aparecem na adolescência ou no início da idade adulta. Com a evolução da doença, os movimentos da coluna ficam gradativamente limitados, devido a fusão óssea nas vértebras, chamada de anquilose.
Os primeiros sintomas da EA resultam da inflamação das articulações sacroilíacas (entre o sacro e a pélvis). Essa inflamação se espalha gradualmente para as articulações entre as vértebras, causando uma condição chamada espondilite. A espondilite anquilosante também pode envolver outras articulações, como ombros, quadris e, menos frequentemente, os joelhos. À medida que a doença evolui, as articulações entre a coluna vertebral e costelas podem ser afetadas, restringindo o movimento do tórax, dificultando a respiração. Fraturas das vértebras também podem ocorrer. A EA também pode levar a episódios de inflamação dos olhos. Chamada de irite aguda, causa dor ocular e sensibilidade à luz (fotofobia).
A espondilite anquilosante afeta os olhos em até 40% dos casos
Infelizmente a causa é desconhecida. Os especialistas apontam que a espondilite anquilosante é, provavelmente causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A maioria dos quais não identificados. Sabe-se que a doença é cerca de 300 vezes mais frequente em pessoas que herdam o alelo HLA-B*27.
O alelo HLA-B*27 é relacionado a um grupo de disfunções reumáticas conhecidas como espondiloartrites, na qual a EA faz parte. Até 90% dos pacientes com a doença apresentam o alelo HLA-B*27. Porém, mesmo com a presença desse marcador, a pessoa pode chegar a nunca desenvolver a doença.
O HLA-B*27 faz parte de uma família de genes chamada Complexo do Antígeno Leucocitário humano (HLA – Human Lukocyte Antigen). O complexo HLA ajuda o sistema imunológico a distinguir as proteínas do próprio corpo das proteínas produzidas por invasores externos, como vírus e bactérias. O complexo HLA tem muitas variações (sabe-se que mais de 11 mil já foram identificadas) que permite o sistema imunológico de cada pessoa reaja a uma ampla gama de proteínas externas. Embora o HLA-B*27 desempenhe um papel crítico no sistema imunológico, não é claro como as variações desses alelos afetam o risco de uma pessoa desenvolver espondilite anquilosante.
A doença está relacionada a um grupo de disfunções reumáticas conhecidas como espondiloartrites. Este grupo também é constituído pelas seguintes doenças: artrite psoriásica, artrite reativa e artrite associada a doença inflamatória intestinal.
A espondilite anquilosante (EA) é uma doença autoimune hereditária. Atinge três vezes mais homens do que mulheres e surge normalmente entre os 20 e 40 anos. O marcador genético HLA-B*27 está presente entre 7% a 10% da população geral. Porém, até 90% dos brasileiros diagnosticados com a doença, possuem este marcador.
Apesar de ser uma doença hereditária, os riscos dos filhos de pacientes com EA apresentarem a doença são muito reduzidos, não mais de 15%. Desses, apenas um apresentará uma condição severa o suficiente para interferir em sua vida normal.
Um dos aspectos mais importantes do tratamento são os exercícios de reabilitação
As disfunções reumáticas normalmente são caracterizadas pela semelhança nos sintomas. Dor na coluna é a queixa mais comum, tornando o diagnóstico clínico de difícil interpretação. Por isso, até a conclusão de uma investigação mais profunda, muitos pacientes só conseguem o diagnóstico definitivo da EA meses ou anos após o início dos primeiros sintomas. O diagnóstico é feito através dos exames de imagem tradicionais, como: radiografia, mapeamento, tomografia e ressonância magnética associados aos sintomas clínicos.
O papel do diagnóstico molecular para a EA é para a confirmação da doença de forma mais precisa, auxiliando na investigação em casos de pacientes que os sintomas clínicos foram confirmados através de exames por imagem.
A detecção do alelo HLA-B*27 é feita pela metodologia do PCR em tempo real, um método mais efetivo, com especificidade, sensibilidade e reprodutibilidade superiores, principalmente quando comparados a outros métodos de diagnóstico. A tecnologia possibilita a amplificação do DNA e a detecção simultânea do alelo HLA-B*27, apoiando o diagnóstico médico nos casos da doença. Não tem cura, mas o diagnóstico eficiente permite realizar um tratamento adequado melhorando a qualidade de vida do paciente.
O teste para detecção do HLA-B*27 é indicado somente quando há suspeita clínica de espondilite anquilosante, uma vez que o HLA-B*27 pode estar presente sem a presença da doença. Apenas a presença ou positividade do alelo HLA-B*27 no organismo não é um diagnóstico positivo pois, herdar essa variação genética associada à espondilite anquilosante não significa que uma pessoa desenvolverá a doença. Para esse caso é necessário um diagnóstico associado ao quadro clínico.