A amamentação tem muitas vantagens tanto para a mãe como para o bebê. É reconhecido como a melhor forma de alimentação da criança. O leite materno é um alimento completo. Até os 6 meses, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (chá, suco, água ou outro leite). A digestão é muito mais fácil do que qualquer outro leite, além de ser rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias. Sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração. É importante lembrar também a contribuição da amamentação para a redução da mortalidade infantil (MI).
Amamentar é bom também para a saúde da mãe: protege contra o câncer de mama, de ovário, reduz casos de hipertensão e infarto. Porém, algumas vezes, as condições de saúde da mãe impedem a amamentação. Da mesma forma que os nutrientes são passados para o bebê através do leite materno, algumas doenças virais infecciosas também podem ser transmitidas dessa forma. Por isso, é tão importante o acompanhamento médico e os exames pré-natal na gestação.
É recomendado manter a amamentação até os dois anos de vida do bebê ou mais.
A orientação da OMS sobre o assunto é de que cada país tome a sua posição, recomendando ou não o aleitamento materno por mulheres infectadas pelo HIV. No Brasil, o Ministério da Saúde contraindica a amamentação nesses casos. A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão do HIV para o bebê, podendo chegar a 29% nos casos.
A transmissão pelo leite materno pode ocorrer em qualquer fase durante todo o período de aleitamento. A recomendação a ser seguida é que a mãe soro positivo não amamente. As alternativas são que o leite seja pasteurizado, bancos de leite ou a utilização de fórmulas lácteas como substituição ao leite materno.
O HTLV é um vírus da família dos retrovírus, a mesma do HIV, e atingem as células de defesa do organismo, os linfócitos T. São classificado em dois grupos: HTLV-I e HTLV-II. Os vírus que estão associadas à leucemia de células T do adulto, paraparesia espástica tropical e outras doenças neurológicas, hematológicas e dermatológicas. A principal forma de transmissão é pelo aleitamento materno, mas o vírus também pode ser transmitido da mãe para o filho na hora do parto.
Nesse caso, a orientação do Ministério da Saúde também é a contraindicação da amamentação de mães portadoras do HTLV-1 ou HTLV-2. Mais uma vez, a mãe deve recorrer aos bancos de leite ou a utilização de fórmulas lácteas como substituição ao leite materno.
O citomegalovírus (CMV) é membro da família Herpesvírus humano. É a causa mais comum de infecção congênita, afetando 0,3-2% dos nascidos vivos. Além do leite materno, também pode ser transmitido durante o parto.
Atenção especial deve ser dada aos prematuros, principalmente os de menor idade gestacional. A decisão de amamentar o recém-nascido, filho de mãe CMV-positiva, deve ser considerada em termos do risco da transmissão da doença (comprometimento do desenvolvimento neurológico e audição) versus os benefícios da amamentação. Os prematuros podem não ter anticorpos protetores e apresentar infecções sintomáticas. A medida de prevenção tomada nesses casos, é pasteurização do leite que elimina totalmente a infecciosidade do CMV impedindo a transmissão do vírus. Porém, algumas propriedades imunológicas do leite podem ser alteradas.
A infecção pelo herpes simples é causada por dois vírus da família Herpesvírus humano, tipo 1 e 2. O VHS-1 causa com maior frequência infeções orais e na face. O VHS-2 é o agente das infeções genitais. Ambas têm como principal característica pequenas lesões, quando essas bolhas se rompem, deixam feridas dolorosas. Os vírus são transmitidos pelo contato direto com as feridas.
O risco de transmissão do vírus pelo leite materno é muito baixo. Porém, a amamentação dever ser interrompida quando essas lesões ocorrerem na mama. A criança não deve mamar enquanto persistirem as lesões pois, o risco de contaminação é muito alto. O vírus da herpes pode causar aftas e feridas doloridas na boca, língua, bochecha ou parte interna dos lábios. Infecção conhecida como Gengivoestomatite Herpética.
Caso haja lesões ativas em outras regiões do corpo, elas devem ser cobertas, a higiene das mãos deve ser rigorosa e o aleitamento materno pode ser mantido.
A hepatite A tem sua transmissão oral – fecal. Por isso, o VHA tem maior possibilidade de transmissão no momento do parto. O vírus é detectado no leite materno apenas na fase aguda da doença. Quando o parto ocorre nessa fase da doença, a criança deve receber imunoglobulina anti-VHA. Essa conduta é indicada para todas as crianças, independentemente da amamentação pois, confere proteção para a criança. Assim, a amamentação não fica contraindicada.
O vírus da hepatite B é transmitido pelo contato com sangue e secreções genitais. Pode ser encontrado no leite, mas o risco de contaminação é muito baixo. No caso de mães VHB positivas, o bebê deve receber imunoprofilaxia com a administração da primeira dose da vacina contra hepatite B simultaneamente com o uso da imunoglobulina específica contra hepatite B para que a amamentação não seja interrompida. Entretanto, a prevenção de fissuras nos mamilos é muito importante pois, o contato do bebê com o sangue materno pode favorecer a transmissão da doença.
A hepatite C também é transmitido pelo contato com sangue. Não existe vacina contra a hepatite C e a transmissão do VHC através da amamentação até o momento nunca foi documentada. No entanto, se a mãe infectada tiver fissura de mamilo ou lesão na aréola circundante com sangramento, ela deve parar de amamentar temporariamente na mama com sangramento até a completa cicatrização. Nesse período, a mãe deve descartar o leite da mama afetada.
Em algumas circunstâncias, a avaliação caso a caso pode ajudar o médico a decidir se a exposição a determinados vírus ou bactérias através do leite materno justifica a interrupção do aleitamento materno. Em algumas doenças infecciosas, intervenções preventivas podem ser tomadas com o intuito de garantir a manutenção do aleitamento materno, como o uso de profilaxias, vacinação, ou medicação antimicrobiana profilática, que protegem as crianças contra a transmissão vertical de doenças.
O diagnóstico pré-natal é fundamental para a prevenção e/ou detecção precoce de diversas doenças, principalmente aquelas que podem afetar o desenvolvimento e a saúde do bebê.
Os testes moleculares, além de alta sensibilidade e especificidade, são menos invasivos. O diagnóstico é preciso e possibilita a detecção de uma ampla gama de agentes infecciosos num único teste. Outro grande diferencial, é a possibilidade de identificar a presença do patógeno no organismo mesmo que a gestante não tenha desenvolvido a doença ou em casos assintomáticos. Muitos vírus permanecem em estado latente no organismo, caso do herpes e CMV, e mesmo assim podem ser transmitidos para o bebê. Sabendo da existência que qualquer risco, as melhores medidas podem ser tomadas permitindo o desenvolvimento saudável do bebê. Seja a escolha pela cesariana, interrupção da amamentação ou pela administração de profilaxias.