Na segunda parte dos dez desafios à saúde global, vamos abordar as 5 últimas questões que constam no 13º Programa Geral de Trabalho (13th General Programme of Work) definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em 2018, na República Democrática do Congo, eclodiu dois surtos de Ebola separados, os quais se espalharam para cidades de mais de 1 milhão de pessoas. Sendo uma delas, uma zona de conflitos ativa. Diferente das epidemias passadas, que ocorreram em zonas rurais, mostra que o contexto em que uma epidemia de um agente patogênico de alta ameaça como o Ebola entra em erupção é fundamental, pois as linhas de combate de um tipo de pandemia nem sempre se aplica a surtos de cenários diferentes.
O plano da OMS que lista doenças prioritárias, identifica doenças e patógenos que têm potencial para causar uma emergência de saúde pública, e carecem de tratamentos e vacinas eficazes. Esta lista inclui o Ebola, várias outras febres hemorrágicas, como Zika, Nipah, Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e a doença X, que representa a necessidade de se preparar para um patógeno desconhecido que poderia causar uma epidemia grave.
A atenção primária à saúde é geralmente o primeiro ponto de contato que as pessoas têm com o sistema de saúde e, idealmente, deve fornecer cuidados abrangentes e acessíveis baseados nas necessidades das comunidades ao longo da vida.
Os cuidados de saúde primários podem satisfazer a maioria das necessidades de uma pessoa ao longo da sua vida. Portanto, sistemas de saúde que tenham a atenção primária bem estruturada são vitais para alcançar a cobertura universal de saúde.
No entanto, muitos países não possuem instalações de atenção primária à saúde adequadas. Essa negligência pode ser falta de recursos em países de baixa ou média renda, mas possivelmente também um foco nas últimas décadas em programas de doenças únicas.
A resistência a vacinação – a relutância ou a recusa em vacinar apesar da disponibilidade de vacinas – ameaça reverter o progresso feito no combate a doenças evitáveis por vacinação. A vacina é uma das formas mais econômicas e confiáveis de se evitar doenças – atualmente, previne-se de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outros 1,5 milhões poderiam ser evitados se a cobertura global de vacinação melhorasse.
O sarampo, por exemplo, registrou um aumento de 30% nos casos em todo o mundo. As razões para esse aumento são complexas, e nem todos esses casos se devem à hesitação vacinal. No entanto, alguns países que estavam perto de eliminar a doença tiveram um ressurgimento.
As razões pelas quais as pessoas escolhem não vacinar são complicadas; um grupo consultivo de vacinas para a OMS identificou complacência, inconveniência no acesso a vacinas e falta de confiança são as principais razões subjacentes à resistência. Os profissionais de saúde, especialmente os das comunidades, continuam sendo os influenciadores mais confiáveis das decisões de vacinação, e devem ser apoiados para fornecer informações verdadeiras sobre as vacinas.
Em 2019, a OMS aumentará o trabalho para eliminar o câncer do colo do útero em todo o mundo, aumentando a cobertura da vacina contra o HPV. 2019 também poderá ser o ano em que a transmissão do Poliovírus selvagem seja interrompida no Afeganistão e no Paquistão. No ano passado, menos de 30 casos foram registrados nos dois países.
A dengue, é uma doença transmitida por mosquito e tem sintomas semelhantes aos da gripe e pode ser letal. A taxa de mortalidade pode chegar até 20% nos casos mais graves. É uma ameaça crescente há décadas.
Um grande número de casos ocorre nas estações chuvosas de países como Bangladesh e Índia. Contudo, casos da doença estão sendo registrados fora do período de chuvas (em 2018, Bangladesh registrou o maior número de mortes em quase duas décadas), e a doença está se espalhando para países menos tropicais e mais temperados como o Nepal, que tradicionalmente não via a doença.
Estima-se que 40% do mundo está em risco de dengue, e estima-se cerca de 390 milhões de infecções por ano.
O progresso feito contra o HIV tem sido enorme em termos de conscientização para a realização do teste, fornecimento de antirretrovirais (22 milhões de pessoas estão em tratamento) e acesso a medidas preventivas, como profilaxia pré-exposição (PrEP, indicado a pessoas de risco para prevenção da infecção).
No entanto, a epidemia continua a se alastrar com quase um milhão de pessoas a cada ano morrendo de HIV / AIDS. Desde o início da epidemia, mais de 70 milhões de pessoas adquiriram a infecção e cerca de 35 milhões de pessoas morreram. Hoje, cerca de 37 milhões de pessoas no mundo vivem com o HIV. Conscientizar pessoas como profissionais do sexo, presidiários, homens que fazem sexo com homens ou pessoas transexuais é extremamente desafiador. Frequentemente, esses grupos são excluídos dos serviços de saúde.
Um grupo cada vez mais afetado pelo HIV são as mulheres jovens (com idades entre 15 e 24 anos), que estão particularmente em alto risco, e representam 1 em cada 4 infecções pelo HIV na África subsaariana, apesar de serem apenas 10% da população.
Este ano, a OMS trabalhará com os países para apoiar a introdução do auto teste, para que mais pessoas que vivem com o HIV conheçam seu estado e possam receber tratamento (ou medidas preventivas no caso de um resultado negativo).