O Brasil é o segundo país do mundo no ranking de casos de hanseníase, segundo a Organização Mundial da Saúde, perdendo apenas para a Índia. Embora seja uma das doenças mais antigas da humanidade, ela continua sendo um problema atual de saúde pública. Se não diagnosticada com agilidade e precisão, pode desencadear problemas de saúde, como incapacidades físicas. Os exames de biologia molecular têm sido importantes aliados no direcionamento dos pacientes ao tratamento adequado.
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e trata-se de patologia infecciosa, transmissível, de caráter crônico, que atinge principalmente os nervos periféricos, os olhos e a pele. Se não diagnosticada precocemente ou o tratamento seja inadequado, a doença, que na maioria dos casos é silenciosa, pode provocar lesões neurais e danos irreversíveis.
Por muitos anos, a hanseníase foi chamada de lepra. Devido ao estigma social associado a esse termo, a definição foi renomeada em 1995 por definição da Lei n° 9.010. Sendo assim, a palavra lepra e suas derivações não podem mais ser utilizadas, sobretudo em documentos oficiais da União, estados e municípios brasileiros.
Dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que, em 2021, foram notificados 18.318 casos de hanseníase no Brasil em 2021. Segundo autoridades em saúde, esse número pode ser menor, uma vez que alguns números foram subnotificados no país em virtude da pandemia da Covid-19.
Uma das características da hanseníase é o longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Esse período possui, em média, a duração de três a cinco anos, mas pode ser maior, dificultando ainda mais o controle da doença.
Este longo período também faz com que a hanseníase seja considerada uma doença silenciosa, com sinais iniciais inespecífico. Esse fator, inclusive, dificulta o diagnóstico clínico.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre os sintomas da hanseníase estão:
A hanseníase é transmitida através de gotículas de saliva que são eliminadas na fala, tosse e espirro, em contatos próximos e frequentes com pessoas doentes, que não iniciaram o tratamento adequado e, por isso, estão em fase adiantada da doença. Dessa forma, todos que tiveram contato com o doente devem ser examinados.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite a hanseníase. Além disso, grande parte das pessoas que entram em contato com estes bacilos não desenvolve a doença. Somente um pequeno percentual, cerca de 5%, adoecem. Isto é justiçado por condições ligadas à genética, que são responsáveis pela resistência (não adoecem) ou suscetibilidade (adoecem).
É sempre importante destacar que a hanseníase tem cura. O tratamento é feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através da administração de três antibióticos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Dependendo da condição clínica apresentada pelo paciente, o tratamento pode levar de seis meses a um ano.
Os medicamentos são disponibilizados nas unidades de saúde e devem ser tomados diariamente. Entre os principais benefícios do tratamento, estão o aumento da qualidade de vida, redução da transmissão e das chances de desenvolvimento de quadros mais graves da doença.
Entre os métodos de prevenção, estão o exame dermato-neurológico e aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham ou estiveram no mesmo ambiente que o portador da doença.
O diagnóstico precoce é uma das principais formas de reduzir a transmissão da hanseníase, bem como evitar complicações e deficiências. A baciloscopia, que é o teste de laboratório mais utilizado para identificar a doença, pode dar negativa nas fases iniciais, o que pode dificultar o direcionamento ao tratamento correto.
A Mobius lançou, em 2021, o primeiro teste comercial brasileiro que permite diagnosticar a hanseníase em 24 horas. A solução representa um avanço para a hansenologia no Brasil.
O GenoType LepraeDR é um ensaio molecular genético para a detecção de Mycobacterium leprae e sua resistência à rifampicina, ofloxacina e dapsona, e é baseado na tecnologia de PCR e DNA-STRIP. O DNA é extraído a partir de amostras de baciloscopia cutânea positiva, amplificado por PCR e detectado em uma membrana strip utilizando hibridização reversa e uma reação de coloração enzimática. Os resultados válidos são documentados por controles internos, conjugados e controle de amplificação.
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