As infecções respiratórias agudas (IRA) são mundialmente reconhecidas como uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todas as idades, particularmente em crianças e idosos, resultando em torno de 3 a 5 milhões de casos de doenças graves/ano.
Com o início do outono e inverno e da baixa da temperatura, as infecções respiratórias tornam-se mais frequentes. Nessa época aumenta o registro desse tipo de caso em hospitais e emergências, representando em todo o mundo, 20 a 40% das consultas em serviços de pediatria e 12 a 35% das internações hospitalares.
O sistema respiratório é constituído pelos tratos (vias) respiratórios superior e inferior. O trato respiratório superior é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica: nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia.
No texto de hoje falaremos das principais infecções das vias respiratórias superiores: causas, agentes patológicos e sintomas. Muitos desses distúrbios são considerados leves, apresentando apenas alguns desconfortos temporários e suportáveis. Entretanto, se não tratados adequadamente, podem evoluir para um estado mais grave podendo levar a morte. A principal causa de infecções do trato respiratório são os vírus, cerca de 90% dos casos, mas também podem ser causadas por bactérias e outros microrganismos.
A rinofaringite tem sua etiologia predominantemente viral, sendo causada por mais de 200 tipos de vírus. Alguns, como rinovírus, responsável por 30 a 35% dos resfriados em adultos, raramente produzem doença séria. Outros, como parainfluenza e vírus respiratório sincicial, produzem infecções leves em adultos, mas podem causar infecções respiratórias severas em crianças pequenas. Outros vírus associados ao resfriado são: o coronavírus, o adenovírus, o influenza e o enterovírus.
Os sintomas do resfriado comum geralmente começam dois ou três dias depois da infecção e costumam incluir escorrimento nasal, obstrução da respiração nasal, inchaço das membranas do sinus, espirros, garganta irritada, tosse e dor de cabeça. Em crianças, pode ocorrer febre alta (38°C). O tratamento da rinofaringite é essencialmente sintomático: antitérmicos e analgésicos.
O Rinovírus (RV) é o agente infeccioso viral mais comum em humanos sendo a principal causa do resfriado. O aumento de testes associou este vírus a doenças graves como asma e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
Existem dois modos de transmissão: via aerossóis de gotículas respiratórias, diretamente de pessoa para pessoa e via superfícies contaminadas.
O H3N2 é um subtipo do vírus da influenza A e tem chamado a atenção mundo afora e no Brasil. Nesse último inverno nos EUA, o vírus foi responsável pelo maior surto de gripe nos últimos anos, com mais de 47 mil pessoas infectadas. A circulação do H3N2 no Brasil não é novidade. Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, esse vírus trafega pelo país há bastante tempo. Porém, esse ano já provocou mais de 50 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, em inglês).
O vírus H3N2, nos últimos anos, vem sofrendo alterações antigênicas (quando a cepa de dois ou mais vírus se combinam de modo a formar um novo subtipo viral) processo natural dos vírus, e essas mutações podem ocorrer durante toda a temporada de gripe, dificultando o tratamento.
Os sintomas da H3N2 são comuns ao da influenza A H1N1. Febre alta intermitente (acima de 38°C), dor de cabeça e no corpo. Mas é uma doença que possui tratamento e cura. A melhor maneira de prevenção é a vacina da gripe e alguns cuidados: mantenha os ambientes bem arejados, evite locais fechados com muita gente, beba bastante água e tenha alimentação saudável, mantenha as mãos bem limpas sempre e cubra boca e nariz ao espirrar.
A infecção pelo vírus Influenza A (FLUA) está associada a infecções respiratórias severas de gravidade variável e vão desde infecções assintomáticas a doenças fatais.
Os sintomas típicos da Influenza incluem febre, dor de garganta, tosse, dor de cabeça e mialgia. Complicações das infecções pelo vírus Influenza incluem pneumonia viral primária, pneumonia bacteriana e exacerbação das doenças crônicas subjacentes.
A infecção tende a ser mais grave em pacientes idosos, crianças nos primeiros anos de vida, crianças pequenas e em pacientes imunocomprometidos.
É uma infecção no ouvido médio. Geralmente é complicação da dor de garganta, resfriado ou problemas respiratórios que se espalha para o ouvido médio. A otite média é uma das doenças mais comuns em crianças pequenas, mas pode afetar adultos. Em torno de 75% das crianças experimentam pelo menos um episódio de otite média até os três anos de idade. Quase metade dessas terão 3 ou mais infecções no ouvido durantes seus 3 primeiros anos de vida. Pode ocorrer tanto por infecção viral como bacteriana. Os principais patógenos são: a bactéria Streptococcus pneumoniae e o vírus sincicial respiratório.
Uma das causas da otite em crianças tem a ver com o tubo de eustáquio, uma pequena passagem que conecta a parte superior da garganta com o ouvido médio. Esse tubo iguala a pressão de ar no ouvido médio em resposta a alterações na pressão atmosférica do ambiente. Quando a criança está doente, o tubo fica bloqueado pelo inchaço ou entupido por mucosa decorrente de resfriado, e não consegue ventilar o ouvido médio acumulando fluido e causando a otite.
A otite média não só causa dor severa, mas pode resultar em complicações sérias se não for tratada. A infecção pode causar dano permanente à audição ou viajar do ouvido médio para partes próximas da cabeça, como o cérebro.
A maior preocupação do vírus Respiratórios Sinciciais (HRSVA e HRSVB) são as infecções no trato inferior respiratório em todos os grupos etários podendo causar bronquiolite e pneumonia (informações mais completas no texto da semana que vem, não perca!) em crianças nos primeiros anos de vida, imunocomprometidos e idosos. A infecção ocorre do contato direto e indireto com secreções nasais ou orais.
Faringite é o nome dado à inflamação da faringe; amigdalite é a inflamação das amígdalas. Ambas apresentam como principal sintoma a dor de garganta. Como estão anatomicamente próximas, é muito comum a faringe e as amígdalas inflamarem simultaneamente, quando ocorre o quadro chamado de faringoamigdalite.
Apesar de serem parecidas e citadas muitas vezes juntas, como se fossem a mesma coisa, há algumas diferenças que podem ser destacadas: a amigdalite é marcada por uma dor maior ao engolir, febre e mal-estar geral. As faringites são mais brandas, com dor leve, tosse com secreção, sem febre e que pode evoluir para disfonia (enfraquecimento da voz e/ou rouquidão).
A faringite e a amigdalite podem ser causadas tanto por vírus (parainfluenza, vírus sincicial respiratório, influenza A e B, adenovírus tipos 1 a 3 e 5, rinovírus) como por bactérias (o Streptococcus beta hemolítico do grupo A, Streptococcus pneumoniae). Normalmente as faringites virais são processos que se resolvem espontaneamente, ao contrário das faringites ou amigdalites bacterianas que podem levar a complicações, como abscessos e febre reumática.
Os Adenovírus (HAdV) são a causa comum de doenças respiratórias. Os sintomas podem variar desde um resfriado comum a pneumonia, infecções do trato respiratório superior e bronquite. Dependendo do tipo, o adenovírus pode causar outras doenças como gastroenterites, conjuntivites, cistites, e menos comum, doenças neurológicas. O adenovírus é responsável por cerca de 15% das crianças hospitalizadas com gastroenterite.
O crupe ou laringotraqueobronquite é causado por uma infecção viral que leva ao inchaço do revestimento das vias respiratórias, especialmente da área logo abaixo da laringe. A doença corresponde por 15% das doenças do trato respiratório na infância. A principal etiologia é viral (80%), principalmente parainfluenza tipos 1 a 2, adenovírus, influenza, rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR), enterovírus, metapneumovírus além da bactéria Mycoplasma pneumoniae.
Embora o crupe ocorra durante o ano todo, surtos sazonais são comuns. O crupe causado por vírus parainfluenza tende a ocorrer nos meses do outono e o crupe causado pelos vírus VSR e da gripe tende a ocorrer nos meses do inverno e primavera. A infecção em geral é disseminada pela inspiração de gotículas suspensas contendo o vírus ou tendo contado com objetos contaminados por essas gotículas. Os sintomas são parecidos com o do resfriado comum que evolui para a rouquidão e tosse, conhecida como “tosse de cachorro”. O quadro clínico mais grave apresenta insuficiência respiratória evidente e estridor inspiratório grave (é o som respiratório produzido pela passagem de ar em uma via aérea de grosso calibre estreitada).
O vírus Parainfluenza (HPIV1-4) é um vírus associado com doenças do trato respiratório superior, incluído resfriados comuns com febre, laringotraqueobronquite.
Parainfluenza-1 e Parainfluenza-2 são os patógenos mais comuns associados com a inflamação das vias áreas superiores. Tendem a ocorrer principalmente nos meses de inverno. A doença é normalmente transmitida de pessoa para pessoa através do ar, da tosse e espirros, e contato pessoal.
A evolução das metodologias usadas no diagnóstico das infecções de uma maneira geral, é consequência do avanço dos estudos de biologia molecular, imunologia, genética e biotecnologia. O desenvolvimento da cultura de células in vitro possibilitou o isolamento dos vírus associados à essas infecções, inclusive as infecções respiratórias agudas.
A sintomatologia das Infecções respiratórias Agudas é bastante similar, o que torna necessário um sistema de diagnóstico que possa discriminar o agente infeccioso envolvido para a administração correta do medicamento, papel fundamental do diagnóstico molecular.
Kit da XGEN Multiplex Painel Respiratório realiza o diagnóstico molecular 21 patógenos respiratórios simultaneamente, dentre eles: o Parainfluenza (HPIV1-4), Adenovírus (HAdV), Vírus Respiratórios Sinciciais (HRSVA e HRSVB), Influenza A (FLUA) e o Rinovírus (RV).