A Tuberculose (TB) é uma doença que sempre esteve nas principais pautas de discussão sobre a saúde pública no Brasil e em diversos países, por ser considerada uma das mais antigas da história. Estima-se que até 2020, nove milhões de pessoas tenham sido acometidas pela doença e 1,3 milhão morreram em decorrência da enfermidade. Neste cenário, é fundamental investir em políticas de atenção, vigilância e gestão, a fim de evitar subnotificações e aumentar o controle dos casos.
A Tuberculose, muitas vezes, é enxergada como uma doença que atinge apenas os indivíduos em situação de vulnerabilidade social, uma vez que as condições sanitárias costumam ser precárias. Mas, a realidade é que todos podem ser acometidos, independente da classe social. Afetando principalmente os pulmões, a doença é transmitida por via respiratória, através de espirros, tosse e até mesmo da fala. Estima-se que uma pessoa com tuberculose pode infectar, em média, outras 15 em um ano. Após 15 dias de tratamento, o risco de transmissão é muito baixo.
O diagnóstico precoce, juntamente com a triagem sistemática de contatos e grupos de risco, são umas das apostas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para erradicar os casos. Porém, mesmo com os programas governamentais de controle da Tuberculose, nem todos os pacientes infectados têm acesso ao diagnóstico inicial adequado e há poucos métodos de diagnóstico disponíveis, considerados clássicos já que estão há décadas no mercado. Estes métodos apresentam sensibilidade variável e podem levar até 12 semanas para o resultado, acarretando um longo tratamento ineficaz e contínua transmissão da doença.
Até 2019, a Tuberculose era a primeira causa de morte por um único agente infeccioso. Porém, em 2020, ela foi ultrapassada pela Covid-19. Quando a pandemia atingiu a população mundial, o Brasil e mais 15 países foram responsáveis por uma redução de 93% nas notificações da TB no mundo.
Dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, divulgados em março de 2022, mostram que essa variação pode ser justificada pelos impactos da pandemia nos serviços e sistemas de saúde. Naturalmente, as atenções se voltaram a notificação de casos do coronavírus, deixando as outras doenças em segundo plano. Ou seja, não necessariamente significa que os casos reduziram, mas sim que não foram contabilizados, justamente pela ausência de investigação e acompanhamento decorrente da falta de atendimento para a população.
Em 2021, foram registrados 68.271 casos novos de TB, o que representa a incidência de 32,0 casos por 100 mil habitantes. O número de mortes em 2020 chegou a 4.543, o que corresponde a 2,1 óbitos por 100 mil habitantes.
A Tuberculose é causada por um grupo de espécies de micobactérias geneticamente semelhantes, denominado complexo Mycobacterium tuberculosis (CMTB). Ele é o mais estudado, já que é o principal agente etiológico da Tuberculose em humanos.
Um fato que chama a atenção, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é que, além de ser uma das doenças que mais mata no mundo, a Tuberculose é a enfermidade infecciosa que mais mata pacientes HIV positivo. Nestes casos, os indivíduos têm 28 vezes mais chances de infecção do que uma pessoa HIV negativo.
A manifestação clínica mais comum é a Tuberculose pulmonar. Além de ser a forma mais incidente, é também a mais importante para o contexto da saúde pública, pois é responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. Neste caso, os sintomas mais apresentados são: tosse persistente por três semanas, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento.
Já a Tuberculose extrapulmonar pode atingir outros tecidos, como rim, meninge, ossos, medula óssea, pele e gânglios. Neste caso, os sinais e sintomas vão depender dos órgãos e/ou sistemas acometidos. Os casos costumam afetar com mais frequência pessoas imunocomprometidas, como as que convivem com o HIV.
Adotar medidas parar controlar a infecção é uma das formas de prevenir a doença. Entre as ações mais importantes, estão: manter ambientes ventilados e com entrada de luz solar; proteger a boca ao tossir e espirrar e evitar aglomerações. Além disso, por se tratar de uma doença infectocontagiosa, é fundamental garantir o isolamento dos pacientes diagnosticados até o tratamento fazer efeito.
A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), que é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é uma forma de proteger as crianças das manifestações mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A imunização deve ser disponibilizada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os quatro anos de idade.
Identificar, diagnosticar e tratar os casos ativos eleva a taxa de cura em até 85% através do isolamento na fase contagiosa. Para realizar o diagnóstico, são feitos os seguintes exames:
Uma grande ameaça ao cenário de infecção pela doença é a ocorrência da tuberculose resistente. Esse caso exige um tratamento complexo, longo e muitas vezes tóxicos para os pacientes, reduzindo a chance de cura em até 50%. Em busca de técnicas rápidas e eficientes, o desenvolvimento de testes moleculares para a detecção do Mycobacterium tuberculosis e suas resistências aos fármacos, se tornou prioridade de pesquisa e implementação.
Neste contexto, a Mobius Life Science apresenta as linhas Genotype MTBDRplus e Genotype MTBDRsl que detectam o Complexo M. tuberculosis e os genes de resistência aos fármacos de 1º e 2ª linha do tratamento. Estas linhas são baseadas na tecnologia de PCR e DNA-STRIP, que em poucas horas permite resultado seguro e confiável a partir de amostras clínicas respiratórias e amostras de cultura.
O complexo M. Tuberculosis e sua resistência a rifampicina e/ou isoniazida são simultaneamente detectadas em uma única amostra de paciente. O teste é, portanto, perfeitamente adequado para triagem de MDR-TB, para identificação do complexo MTB e monorresistências.
Um dos diferenciais é a flexibilidade dos processos de amplificação, detecção e avaliação. Sendo assim, o teste é adequado para rotinas de pequeno, médio e grande porte.
Ensaio molecular genético para detecção do complexo M. tuberculosis e sua resistência à fluoroquinolonas e/ou aminoglicosídeos/peptídeos cíclicos (e/ou etambutol).
As tecnologias são perfeitamente adequadas para detecção de XDR-TB em pacientes previamente diagnosticados com MDR-TB. Através de um sistema de fluxo de trabalho, o teste pode ser utilizado sequencialmente ao GenoType MTBDRplus, utilizando o mesmo isolado de DNA.
O grande diferencial da utilização da biologia molecular para o diagnóstico da TB e genes de resistência a antibióticos está na alta sensibilidade e especificidade do teste em poucas horas.