A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios. Contudo, é uma infecção curável, principalmente se for diagnosticada rapidamente.
Apesar disso, no Brasil os casos vêm subindo consideravelmente na última década, segundo informações do último boletim do Ministério da Saúde.
Taxa de detecção de sífilis adquirida (por 100.000 habitantes), taxa de detecção em gestantes e taxa de incidência congênita (por 1.000 nascidos vivos), segundo ano de diagnóstico. Brasil, 2010 a 2019.
A população mais afetada são as mulheres, principalmente as negras e jovens, na faixa etária de 20 a 29 anos. Somente esse grupo representou 14,3% de todos os casos de sífilis adquirida e em gestantes notificados em 2019. Na comparação por sexo, em 2019, as mulheres de 20 a 29 anos alcançaram 25,3% do total de casos notificados, enquanto os homens nessa mesma faixa etária representaram apenas 16,5%.
A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou ser transmitida para o bebê durante a gestação ou parto.
É importante que todas as pessoas conheçam os sintomas para que possam buscar um médico assim que perceberem os primeiros sintomas.
A doença se manifesta por diferentes estágios: primário, secundário, latente e terciário. Conheça cada um deles a seguir.
Uma ferida, geralmente única aparece no local de entrada da bactéria, que pode ser no pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele. Isso ocorre entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e bastante transmissível.
Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
A princípio, essa ferida desaparece sozinha, mesmo sem tratamento.
Após cicatrizar a primeira ferida, outros sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses depois.
Podem ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões também são ricas em bactérias.
Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.
Nesta fase não aparecem sinais ou sintomas.
Neste caso a infecção é dividida em:
A duração é variável, sendo interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Pode surgir de 2 a 40 anos após o início da infecção.
Esta fase costuma ser bastante crítica, quando o paciente apresenta principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Ao notar qualquer desses sintomas, procure orientação médica para realizar um exame laboratorial para confirmar ou descartar a doença.
O SUS realiza gratuitamente o teste rápido que fica pronto em 30 minutos. Nos casos positivos, uma amostra de sangue é coletada para confirmação com outros exames.
Há também a possibilidade de fazer o teste molecular para sífilis e outras IST em laboratórios particulares. A metodologia é a mesma do teste de Covid, em que se identifica a presença do material genético do vírus ou bactéria na amostra do paciente. Neste caso, para identificar a infecção pode ser uma amostra de urina, sêmen, swabs uretral, endocervical, anal e de garganta. O teste molecular destaca-se por sua alta precisão.
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Devido à grande quantidade de casos surgindo no país, a recomendação de tratamento imediato antes do resultado do segundo exame se estendeu para outros casos: vítimas de violência sexual; pessoas com sintomas de sífilis primária ou secundária; pessoas sem diagnóstico prévio e pessoas com grande chance de não retornar ao serviço de saúde para verificar o resultado do segundo teste.
Uma grande preocupação em saúde pública é a sífilis congênita, ou seja, quando bebê nasce com a doença adquirida da mãe durante a gestação ou o parto. Esta é uma condição devastadora com alta mortalidade, incluindo aborto espontâneo, natimorto, baixo peso ao nascer, prematuridade, sequelas neurológicas e óbito neonatal.
Esta é a segunda principal causa de óbito fetal evitável em todo o planeta, sendo precedida somente pela malária.
Neste levantamento do Ministério da Saúde de 2019 mostra a taxa de gestante e bebês com a doença a cada 1 mil nascidos vivos, dividido por estados:
O principal cuidado à criança é a realização de um pré-natal de qualidade e o estabelecimento do tratamento adequado da gestante.
Todas as crianças expostas à sífilis de mães que não foram tratadas, ou receberam um tratamento não adequado, são submetidas a diversas intervenções que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de osso longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada.
No geral, o tratamento da sífilis é realizado com a penicilina benzatina. Quando detectado na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical. O parceiro sexual também deverá ser testado e tratado para evitar a reinfecção da gestante.
O tratamento da sífilis em crianças deve ser feito também com penicilina, mas inclui a necessidade de fazer um acompanhamento para observar possíveis sequelas.
Primordialmente, o uso da camisinha é fundamental para evitar o contágio de todas infecções sexualmente transmissíveis.