A transfusão de sangue e seus hemoderivados salvam todos os dias milhares de vidas, e melhoram a saúde e qualidade de vida de muitos pacientes ao redor do mundo. A necessidade de sangue é universal, mas existe a falta de doadores principalmente em países em desenvolvimento.
Dia 14 de junho é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. O objetivo da data é conscientizar a população quanto à importância da doação de sangue.
Todo ano o Ministério da Saúde determina um slogan para a campanha, e em 2021 é “Doe sangue para que o mundo continue pulsando”. A mensagem visa agradecer aos doadores, aumentar a conscientização sobre a necessidade de doações regulares, e encorajar os jovens a atuarem como parceiros na promoção da saúde, incentivando a população a doar sangue.
Já explicamos um pouco sobre a importância da doação, mas você sabe quais foram os desafios das primeiras transfusões, e como surgiu o primeiro banco de sangue do mundo?
A transfusão é classificada em três períodos:
A crença de que o sangue dá e sustenta a vida vem desde a pré-história, mas para chegar na descoberta da real importância e uso adequado, foram necessários séculos de estudo.
De início, em 1665, as transfusões eram realizadas somente em animais, de forma experimental, e dois anos depois foram iniciadas as transfusões heterólogas em humanos, ou seja, sangue derivado de uma espécie diferente do receptor. Jean Baptiste Denis e Richard Lower fizeram as primeiras transfusões em humanos utilizando sangue de cordeiro. Denis realizou a transfusão em um paciente doente mental, que após resistir a duas transfusões, faleceu em decorrência da terceira.
A transfusão heteróloga era defendida por acreditarem que o sangue de animais estava menos contaminado por vícios e paixões, quando comparado ao sangue humano. Porém, após ser considerada uma prática criminosa, a transfusão heteróloga foi abandonada.
Mesmo após serem proibidas, as transfusões continuaram sendo alvo de pesquisas, e em 1788, após muitas tentativas de transfusões heterólogas fracassadas, Pontick e Landois tiveram resultados positivos após uma transfusão homóloga (entre animais da mesma espécie).
A primeira transfusão em humanos foi realizada em uma mulher com hemorragia pós-parto, por James Blundell, em 1818.
Apesar do grande avanço com a transfusão homóloga, os cientistas começaram a ter problemas relacionados à coagulação. Diversos testes foram feitos para tentar contornar este problema, como a transfusão de sangue de cadáver, e leite, porém, todos falhos. Em paralelo a estas experiências, foram desenvolvidos equipamentos para a transfusão indireta e métodos para a transfusão direta, como a transfusão “braço-a-braço”, em que o sangue era transferido da artéria do doador direto para a veia do receptor, evitando coagulações na estocagem do sangue coletado.
Por volta de 1900, Karl Landsteiner, imunologista austríaco, observou em experiências com seu próprio sangue, que após separar o soro dos glóbulos vermelhos, ao misturá-lo com amostras de sangue de outras pessoas muitas vezes ocorria a coagulação, o que lhe permitiu estabelecer a existência dos tipos sanguíneos A, B e O. Um ano depois ele completou a classificação com o tipo AB. Anos depois, por volta de 1940, Landsteiner junto a Alexander Salomon Wiener descobriram o fator RH realizando experimentos em macacos Rhesus, e identificando a semelhança nos humanos. É de extrema importância relacionar o tipo sanguíneo com o sistema RH, pois também é fator de incompatibilidade na transfusão.
Após vencer a questão da compatibilidade, ainda faltava descobrir a melhor forma de armazenamento e estocagem do sangue.
A descoberta de uma solução anticoagulante, em 1916, permitiu com que o sangue pudesse ser armazenado. Esse fato permitiu a criação, em 1926, do primeiro Centro de Transfusão de Sangue (CTS), localizado em Moscou. O primeiro banco de sangue surgiu em 1937, nos Estados Unidos da América.
A Guerra Espanhola e a Segunda Guerra Mundial difundiram o uso do sangue preservado, como parte da rotina médica na utilização do recurso para salvar civis e militares feridos.