As doenças linfoproliferativas crônicas são consideradas como um grupo heterogêneo de doenças caracterizadas por expansão monoclonal e acúmulo de linfócitos aparentemente maduros, que apresentam uma vantagem proliferativa e/ou de sobrevivência em relação aos linfócitos normais em diferentes órgãos, como medula óssea, sangue periférico e gânglios linfáticos. Isso se traduz no acúmulo progressivo de células clonais e seus produtos, causando linfocitose no sangue periférico, células linfoides infiltradas na medula óssea, aumento de um ou vários outros tecidos (por exemplo, linfadenopatia, esplenomegalia ou outras organomegalias), surgimento de um componente monoclonal sérico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, que reflete o consenso internacional e se baseia em fatores patológicos, genéticos e clínicos, as neoplasias linfoproliferativas são classificadas de acordo com o estágio de maturação e a linhagem onde ocorre a transformação neoplásica:
A determinação do subtipo e do estágio da doença é muito importante, pois são fatores que afetam o prognóstico (chance de recuperação) e as opções de tratamento.
O Linfoma não-Hodgkin (LNH) é um câncer que afeta o sistema linfático do corpo e representa 3% de todos os cânceres. Dependendo do tipo de linfócito afetado, existem 2 tipos principais de LNH:
Além disso, o LNH também pode ser agrupado conforme a rapidez que crescem e se espalham, “indolentes” que crescem e se espalham lentamente, ou “agressivo” que cresce rapidamente e normalmente precisa ser tratados imediatamente para não espalhar para outras partes do sistema linfático, como fígado, cérebro ou medula.
O Linfoma Hodgkin geralmente começa nos linfócitos B dos linfonodos. Os diferentes tipos de LH podem crescer e se espalhar de forma diferente e pode ser tratado de diferentes maneiras.
A leucemia linfocítica crônica (LLC) é a leucemia mais frequente em adultos, é uma doença considerada crônica porque essa alteração provoca o crescimento desordenado de linfócitos B maduros (um tipo de glóbulo branco) que, geralmente, não impede a produção das células normais. Ou seja, ao mesmo tempo em que há uma produção de células com problemas, causando acúmulo na medula óssea, por outro lado o processo de fabricação e maturação das células saudáveis continua acontecendo começa nos linfócitos da medula óssea. A forma mais comum do LLC começa nos linfócitos B, mas existem outros tipos que são raros. Com o passar do tempo as células se espalham para outras partes do corpo, incluindo linfonodos, fígado e baço; o que dá origem a duas formas diferentes de LLC, uma com resposta tardia e outra com resposta rápida.
A avaliação das neoplasias linfoides é baseada em uma combinação de informações obtidas por citomorfologia e/ou histopatologia, citoquímica, imunofenotipagem, citogenética e biologia molecular.
Atualmente, a identificação de linfócitos aberrantes não depende apenas de sua distribuição numérica entre todos os linfócitos (ou suas subpopulações) presentes na amostra, mas também procura principalmente perfis imunofenotípicos “anormais” mais específicos.
Estes fenótipos aberrantes podem claramente serem distinguidos dos padrões normais e reativos no espaço multidimensional gerado por combinações únicas de anticorpos conjugados no fluorocromo. Para identificação das principais populações de linfócitos B, T e NK e sua dissecação em subconjuntos linfoides, marcadores específicos foram aprovados: CD45, CD19, CD20 (identificação positiva de células B maduras), anti-SmIgKappa, anti-SmIgLambda (subconjuntos de cadeia leve Smlg de células B) e SmCD3, CD4, CD8, CD56 (identificação de células T e NK).
Outros marcadores podem melhorar a caracterização das populações de células linfoides:
Nos últimos anos, o consórcio científico Euroflow desenvolveu uma solução chamada Next Generation Flow a fim de criar e padronizar testes de citometria de fluxo em todo o mundo.
No Brasil, a Mobius Life Science tem em seu portfólio um kit para avaliação inicial (screnning) de medula óssea, sangue periférico ou linfonodos com suspeita de infiltração linfoide madura e orientação para os painéis, todos seguindo as recomendações de Classificação EuroFlow ™.
Após o diagnóstico da CLPD, são feitos testes para descobrir se as células cancerígenas se espalharam dentro do sistema linfático ou para outras partes do corpo, o que é chamado de estadiamento. As informações coletadas no processo de estadiamento determinam o estágio da doença e o plano de tratamento.
O estágio da leucemia/linfoma e outros fatores prognósticos são importantes na escolha de um plano de tratamento. Fatores a serem considerados incluem se o paciente está ou não apresentando sintomas, a idade e a saúde geral, e os prováveis benefícios e efeitos colaterais do tratamento.
As principais terapias usadas para tratar os diferentes tipos de distúrbios linfoproliferativos crônicos são:
As terapias direcionadas são medicamentos que visam especificamente as alterações nas células que as tornam cancerígenas. Esses medicamentos têm como alvo uma ou mais proteínas específicas nas células e podem ser usados sozinhos ou para transportar drogas, toxinas ou material radioativo diretamente para as células cancerígenas.
Exemplos de terapias com anticorpos monoclonais são o receptor anti CD20, usado para tratar muitos tipos de linfoma não-Hodgkin e anti CD30 para o linfoma Hodgkin.
Medicamentos específicos para bloquear quinases como a tirosina-quinase de Bruton e PI3K são usados em pacientes com LLC. Além disso, os medicamentos direcionados ao BCL-2, uma proteína das células LLC, os ajudam a sobreviver por mais tempo do que deveriam e podem ser usados sozinhos ou em conjunto com um anticorpo monoclonal.
A quimioterapia usa medicamentos que são administrados para matar ou controlar as células cancerígenas. Esses medicamentos entram na corrente sanguínea e atingem todas as partes do corpo.
A combinação de quimioterapia mais frequentemente usada no linfoma difuso de células B grandes associa um anticorpo monoclonal à ciclofosfamida, adriamicina, vincristina e prednisona.
Alguns dos quimioterápicos comumente usados para tratar a LLC incluem: análogos da purina que são administrados juntamente com ciclofosfamida e anticorpos monoclonais, agentes alquilantes que geralmente são administrados junto com um anticorpo monoclonal e corticosteróides como prednisona, metilprednisolona e dexametasona.
É um tratamento que utiliza o sistema imunológico do paciente para combater o câncer. As substâncias fabricadas pelo corpo ou em laboratório são usadas para aumentar, direcionar ou restaurar as defesas naturais do corpo contra o câncer. Alguns tipos de imunoterapia são:
A radioterapia é um tratamento com raios ou partículas de alta energia que destroem células cancerígenas. A maneira como a radioterapia é administrada depende do tipo e estágio do câncer que está sendo tratado. Raramente faz parte do tratamento principal, pode ser usado em determinadas situações, como baço aumentado ou linfonodos inchados em uma parte do corpo em pacientes com LLC, ou como radioterapia externa para tratar o linfoma não-Hodgkin adulto. A terapia de radiação também pode ser usada como terapia paliativa para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Se o tratamento inicial não estiver mais funcionando ou a doença voltar, outro tipo de tratamento como transplante de células-tronco pode ser uma opção para alguns pacientes. O método consiste em administrar altas doses de quimioterapia e/ou irradiação total do corpo e, em seguida, substituir as células formadoras de sangue destruídas pelo tratamento do câncer. As células-tronco (células sanguíneas imaturas) são removidas do sangue ou da medula óssea do paciente (transplante autólogo) ou de um doador (transplante alogênico).
Traduzido e adaptado de:
https://www.cytognos.com/academy/chronic-lymphoproliferative-disorders/description/