A sepse é conhecida também por infecção generalizada, septicemia ou infecção no sangue. Trata-se de um conjunto de manifestações graves produzidas por uma infecção que podem levar a falência múltipla dos órgãos.
O Brasil tem uma das taxas mais altas de mortalidade pela sepse no mundo. Estima-se que por ano são identificados 400 mil novos casos que resultam em 240 mil mortes.
Qualquer infecção pode evoluir para sepse, as mais comuns são pneumonia e infecções urinárias. Quanto mais rápida for tratada uma infecção, menores são as chances dela evoluir para sepse.
“Se não controlada, a bactéria se espalha no organismo ou gera uma resposta intensa que acaba se disseminando”, explica Dr. Marcelo Pilonetto, especialista em Bacteriologia, professor da PUCPR e microbiologista do LACEN-PR.
Contudo, vale lembrar que qualquer pessoa pode ter sepse caso não realize o tratamento adequado de uma infecção.
A sepse pode apresentar sintomas variados dependendo do patógeno. De qualquer forma, alguns sinais de alerta para pessoas que já estão com algum tipo de infecção são: febre, taquicardia, respiração mais rápida, fraqueza intensa, pressão baixa, falta de ar, sonolência ou confusão mental (principalmente em idosos). É importante que esta pessoa seja levada ao pronto-socorro o mais rápido possível, pois a doença evolui em questão de horas.
No hospital, o paciente suspeito de sepse precisa ser levado a UTI e medicado o quanto antes. “Também é importante que se garanta a coleta da amostra [de sangue] para procedimentos laboratoriais”, ressalta Dr. Marcelo.
Com uma investigação precisa, o tratamento pode ser ainda mais eficaz. “Tão logo que se tenha o diagnóstico laboratorial e saiba qual micro-organismo está causando essa sepse você pode fazer uma readequação do antibiótico que está sendo utilizado”, explica Dr Marcelo.
Tradicionalmente, a equipe médica solicita um exame de hemocultura para isso, que pode levar até 72 horas para ficar pronto. Contudo, existe o teste molecular que pode trazer a resposta mais rápida e precisa para o início do tratamento mais adequado.
O kit XGen Multi Sepse Chip faz esta detecção molecular. Com apenas uma amostra, é possível identificar mais de 40 patógenos e 20 genes de resistência. “Por exemplo, ao mesmo tempo que você detecta que uma infecção é causada pela Klebsiella pneumoniae você já pesquisa se ela é produtora da sua resistência KPC, o que acaba direcionando o tratamento de uma maneira muito mais assertiva”, esclarece o especialista.
A taxa de mortalidade da sepse em hospitais públicos é de 42% enquanto nos privados fica em 17,7%, de acordo com pesquisa realizada em 74 hospitais brasileiros pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS).
Alguns fatores explicam esta diferença, como a demora no acesso ao serviço de saúde, diagnóstico tardio, falta de outros recursos e, principalmente, falta de leitos em UTI. A transferência do paciente nas primeiras 24 horas para uma unidade de terapia intensiva é fundamental para o aumento das chances de sobrevida.
Contudo, hospitais com UTIs estão presentes em menos de 10% dos municípios brasileiros, sendo que mais da metade deles está na região sudeste do país.
Quem consegue sair de uma infecção tão grave como a sepse pode ter uma recuperação lenta e gradual, é provável que leve meses para voltar a andar ou respirar sem dificuldades.
A fisioterapeuta Letícia Batista, de 23 anos, passou 62 dias internada, sendo um mês em UTI para tratamento da sepse. Ela conta em depoimento ao ILAS que: “A dependência para fazer absolutamente todas as necessidades básicas era de longe o meu maior sofrimento e o medo de ficar assim por muito tempo era imenso. Outros grandes medos que tive foi de precisar continuar com as hemodiálises e dos problemas na visão serem irreversíveis. Mas tanto a visão quanto a função renal voltaram ao normal. Ter sobrevivido à sepse mudou completamente a minha forma de viver e de ver a vida. Hoje meus sorrisos são mais fáceis, as coisas parecem fazer mais sentido, os problemas parecem menores e mais simples”.
Conheça aqui outras histórias desses sobreviventes em um vídeo:
Uma pesquisa da USP divulgada na revista Fapesp mostra que o vírus da febre amarela induz a sepse. Graças a esta conclusão, foi possível aprimorar as formas de tratamento dos infectados e reduzir a mortalidade da doença de 67% nos casos mais graves para 5%.
A epidemia recente da febre amarela silvestre foi a mais intensa já registrada no Brasil com 1.376 casos registrados de 2017 a 2018, tendo casos registrados em vários estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.