Em novembro de 2019 aconteceu a primeira edição dos Jogos Brasileiros de Transplantados, em Curitiba (PR). Participaram 68 atletas das mais variadas idades competindo nas modalidades de atletismo, natação, tênis e corrida de rua.
Mais do que uma competição, os jogos tiveram um gostinho de vitória e de valorização da vida para todos os participantes.
Em 2019 no Brasil foram realizados mais de 6 mil transplantes de órgãos sólidos, como coração, rim, fígado e pulmão. Quase 11 mil pessoas receberam transplante de córnea e mais de 2,5 mil pacientes receberam transplante de medula óssea.
Apesar disso, ainda muitos estão na fila de espera. Até setembro de 2019, mais de 36 mil pacientes aguardavam por um transplante de órgão, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Na maior parte dos casos, os pacientes podem retornar a suas atividades rotineiras após o período de recuperação do transplante, e voltar a exercer uma profissão, viajar ou praticar atividades físicas, inclusive se tornando atletas.
“Com os Jogos nós conseguimos mostrar que o transplantado pode voltar a ter uma vida comum. As pessoas acreditam que após o transplante as pessoas ficam com algumas limitações. Isso pode acontecer eventualmente, mas não é a regra. A regra é que possa ter uma vida comum da mesma forma que qualquer outra pessoa saudável”, explica Edson Arakaki, presidente da Associação Brasileira de Transplantados.
Conheça algumas vidas salvas pelo transplante:
Transplantado renal há 18 anos, recebeu o órgão doado por sua irmã.
“Já tem 18 anos que eu estou com uma qualidade de vida ótima e a minha irmã também. Por isso até que estou trabalhando e contribuindo ativamente por esta causa.”
A garota recebeu transplante de fígado de seu irmão mais velho. Ela foi a atleta mais jovem a competir na pista de atletismo.
“O transplante é importante porque salva vidas.”
A gaúcha teve fibrose pulmonar e passou por um transplante de pulmão em 2011. Mesmo com apenas um pulmão saudável, ela se especializou na corrida em provas curtas e de potência.
“Estou conseguindo viver bem com um pulmão só, dá pra mostrar para as pessoas como dá certo o transplante e como é possível viver com qualidade.”
Ele participava de corridas há 15 anos, mas quando teve problema renal precisou parar. Agora com o novo rim transplantado há 2 anos, já consegue correr como antes.
“Não tem nem como descrever a satisfação que a gente tem. Hoje tenho vida nova.”
A advogada é transplantada de rim há cinco anos. Apesar de ter três irmãos, a compatibilidade para maior ocorreu com seu marido, que foi o doador. Antes do transplante ela praticava atividade física esporadicamente, mas agora virou parte de sua rotina.
“Já participei dos Jogos para transplantados que aconteceu em Salto, na Argentina, e em New Castle [Inglaterra]. Eu estou amando!”
Carlão teve aplasia medular severa e sua única chance de sobreviver seria por meio do transplante de medula óssea. A busca por um doador compatível não aconteceu no núcleo familiar, foi por meio do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) onde Luiz Eduardo Pereira de Andrade (Dudu) havia se cadastrado.
O transplante ocorreu em 2016, mas foi nos Jogos Brasileiros para Transplantados que Carlão e Dudu se encontraram pela primeira vez.
“O sangue que está circulando no meu doador não poderia me salvar se ele não tivesse estendido o braço, sair da zona de conforto, para se colocar como doador voluntário. Eu tive a chance de ter essa sobrevida garantida por ele”.
Para doar medula óssea, basta cadastrar-se no banco de sangue público mais próximo. Os dados são agrupados em um registro único e nacional (REDOME). O processo de busca do doador é simples e totalmente informatizado.
O médico responsável inscreve as informações do paciente necessitado do transplante, incluindo o resultado do exame de histocompatibilidade – HLA (exame que identifica as características genéticas de cada indivíduo), no sistema do Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (REREME). Após aprovação da inscrição do paciente, a busca é iniciada
imediatamente.
De acordo com a legislação brasileira (lei nº 10.211, de 23 de março de 2001), após o falecimento, a retirada dos órgãos e tecidos para doação só pode ser feita após autorização dos membros da família.
Não há a necessidade de nada declarado por escrito, por isso, se sua vontade é ser um doador e salvar vidas, converse com a sua família. Qualquer pessoa saudável pode ser um potencial doador, espalhe essa ideia.
https://bioemfoco.com.br/noticia/superacao-transplantados-que-se-tornaram-atletas