Dengue (DENV), Zika (ZIKV) e Chikungunya (CHIKV) são arbovírus conhecidos da população brasileira transmitidos pelo Aedes aegypti, mosquito que é bem adaptado ao ambiente urbano, com maior infestação em áreas com alta densidade populacional, principalmente de ocupação desordenada.
Graças a estas combinações, a cada ano crescem o número de pessoas infectadas por alguns desses vírus. Veja os números divulgados pelo Ministério da Saúde:
Entre estes infectados, até o mês agosto de 2019, 683 pessoas faleceram em decorrência da dengue, 75 por Chikungunya e 3 por Zika. Ainda outros óbitos estão em investigação.
Os sintomas da infecção por estas arboviroses são muito semelhantes, por isso, o diagnóstico clínico não é suficiente para distinguir entre um e outro.
Para conseguir um resultado mais preciso, são realizados testes laboratoriais que detectam qual tipo de vírus está infectando o paciente e possibilitam o correto registro, a fim de ajudar na ativação de medidas públicas de controle em possíveis surtos ou epidemias.
No Brasil existem 48 testes laboratoriais aprovados pela Anvisa, sendo de 3 tipos: testes sorológicos rápidos, que podem ser usados nas unidades de pronto-atendimento ou unidades básicas de saúde, testes sorológicos para uso em laboratórios, e testes moleculares.
O infectologista Guilherme de Sousa Ribeiro, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realiza estudos relacionados a Dengue desde 2009, e também sobre Zika, Chikungunya desde quando surgiram os primeiros casos no Brasil, em 2014. Entre outras coisas, Ribeiro estuda a acurácia desses métodos laboratoriais, conheça a opinião do especialista para cada um deles.
Segundo o pesquisador, o teste sorológico (seja ele de uso rápido ou de uso em laboratórios) rastreia a produção de anticorpos contra o vírus infectante, por isso, só é realizado cerca de 5 a 7 dias após o início dos sintomas para dar um resultado positivo em uma pessoa infectada. “Mesmo que o paciente esteja infectado, se o teste for realizado muito precocemente ele será negativo porque a pessoa infectada ainda não começou a produzir anticorpos em níveis detectáveis”, explica Guilherme.
Testes sorológicos apresentam o risco de reação cruzada entre vírus que pertencem à mesma família, pois, por causa da semelhança entre tais vírus, os anticorpos produzidos contra um deles pode ser detectado por um teste direcionado ao outro vírus similar. Ou seja, na reação cruzada é possível receber um laudo de infecção por Zika enquanto na verdade se está com Dengue. “Além de gerar um registro incorreto para a vigilância, que atuará no controle de epidemias, o erro pode influenciar também no tratamento que será dado ao paciente. Imagina dar um diagnóstico incorreto de Zika para uma gestante?”.
O que diferencia o teste sorológico de uso rápido dos demais usados em laboratório é a maior facilidade de execução, já que não exige a disponibilidade de equipamentos laboratoriais para sua execução. Contudo, ainda boa parte deles não apresenta uma acurácia suficientemente elevada.
Segundo informações publicadas na revista Fapesp, a Anvisa proibiu a produção de testes rápidos para Zika, Dengue e Chikungunya da Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos – Bahiafarma. Os laudos argumentavam que os exames não davam resultados confiáveis.
O teste molecular é mais sensível e específico pois detecta o material genético do vírus, com muito menor possibilidade de haver reação cruzada. Nesta metodologia, é possível detectar a presença do patógeno já nos primeiros 5 dias de sintomas.
Por outro lado, se realizado tardiamente, após 5-7 dias do início dos sintomas, há chances do teste dar um resultado falso negativo, porque à medida que aumenta a produção de anticorpos se reduz a presença de vírus no sangue. Além disso, “o uso desses testes é menos difundido, porque eles necessitam de equipamentos laboratoriais específicos e, por isso, só são realizados em laboratórios de maior porte”, aponta Guilherme.
A Mobius Life Science é fabricante brasileira de testes moleculares, e tem difundido a utilização desse tipo de teste em todo o país. A empresa tem em seu portfólio mais de 50 kits moleculares, que incluem a identificação e diferenciação de Dengue, Zika e Chikungunya.
Além de investir em uma identificação mais precisa dos arbovírus, é importante continuar o combate ao mosquito, por meio da eliminação de focos que podem virar criadouros de Aedes aegypti.
Cubra e realize manutenção periódica de áreas de piscinas e de hidromassagem;
Limpe ralos e canaletas externas;
Atenção com bromélia, babosa e outras plantas que podem acumular água;
Estique bem lonas usadas para cobrir objetos, para evitar formação de poças d’água;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas sempre limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Tampe todas as lixeiras;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Semanalmente preencha pratos de vasos de plantas com areia e mantenha limpo;
Passe escova ou bucha os potes de água para animais;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.