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Hemofilia: Distúrbio genético e hereditário que afeta a coagulação do sangue

17/04/2018
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Hoje, dia 17 de abril, é celebrado o dia internacional da hemofilia. A data foi escolhida em homenagem ao canadense Frank Schnabel, fundador da Federação Mundial de Hemofilia, que nasceu no dia 17 de abril de 1926. Frank era portador de hemofilia tipo A grave e lutou para a construção da federação, incentivando a pesquisa científica e ajudando milhares de hemofílicos no mundo.

A data tem como objetivo a conscientização da doença e reivindica aos poderes públicos nacionais e internacionais maior atenção no diagnóstico e tratamento de doenças relacionadas ao sangue e suas agravantes.

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Mais de 350.000 pessoas no mundo são hemofílicas

O que é a hemofilia?

É um distúrbio genético e hereditário que afeta a coagulação do sangue. O sangue é composto por várias substâncias, onde cada uma delas tem uma função. Dentre essas substâncias, encontramos as proteínas denominadas fatores de coagulação, que ajudam a estancar sangramentos quando ocorre o rompimento dos vasos sanguíneos. Existem 13 tipos diferentes de fatores de coagulação e os seus nomes são expressos em algarismos romanos,  assim, existe desde o Fator I até o Fator XIII. Esses fatores são ativados apenas quando algum vaso sanguíneo é rompido. A ativação do primeiro leva à ativação do seguinte até que ocorra a formação do coágulo pela ação dos 13 fatores.

Hemofilia Tipo A e B

A pessoa com hemofilia apresenta baixa atividade do fator VIII ou fator IX. Pessoas com deficiência de atividade do Fator VIII possuem hemofilia A, mais comum, cerca de 90% dos casos. Aquelas com deficiência de atividade do Fator IX possuem hemofilia B. Como esses fatores apresentam baixa atividade nessas pessoas, a formação da coagulação é interrompida antes da produção do coágulo e, por essa razão, os sangramentos demoram muito mais tempo para serem controlados.

A baixa atividade do Fator VIII ou do Fator IX é causada por mutações que ocorrem no DNA, justamente nas regiões responsáveis pela produção dessas duas proteínas. Quando essas mutações nos Fatores VIII ou IX acontecem, as proteínas são produzidas com algumas alterações e por isso mesmo as suas atividades são diminuídas ou inexistentes.

Quem possui atividade do Fator VIII ou IX entre 5 e 40% tem o tipo de hemofilia caracterizada como “leve”. Quando a atividade do fator varia entre 2 e 5%, a pessoa tem hemofilia “moderada” e quando a atividade do fator é menor que 1%, a hemofilia é “grave”.

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50 a 60% dos casos de hemofilia são classificados como graves

Os aspectos genéticos da hemofilia

Por ser uma doença genética recessiva ligada ao cromossomo X, a hemofilia afeta quase exclusivamente homens. Homens possuem um único alelo de fator VIII (XY) enquanto as mulheres possuem dois alelos (XX). Homens com um alelo com mutação (XᴴY) terão a doença, enquanto mulheres com um único alelo com mutação (XᴴX) serão portadoras e, portanto, têm 50% de probabilidade de transmitir o alelo anormal aos seus descendentes, em cada gestação. Já as mulheres com mutações em ambos os alelos (XᴴXᴴ) manifestarão a doença, embora seja uma situação muito rara. Entretanto, cerca de 30% dos pacientes diagnosticados com hemofilia não possuem histórico familiar prévio da doença. Estes casos são explicados pela ocorrência de mutações espontâneas.

Sintomas e Complicações

Os sintomas mais comuns da hemofilia são os sangramentos prolongados. Esses sangramentos podem ser externos, quando ocorrem cortes na pele, ou internos, quando o sangramento ocorre dentro das articulações, músculos ou em outras partes internas do corpo. Vale reforçar que uma pessoa com hemofilia não sangra mais rápido do que uma outra sem hemofilia, apenas permanece sangrando durante um tempo maior e pode recomeçar a sangrar vários dias após o ferimento.

A artropatia hemofílica é a sequela mais frequente e incapacitante em pacientes com hemofilia, acometendo principalmente as articulações dos joelhos, tornozelos, cotovelos e quadril. Decorre de uma resposta inflamatória progressiva e irreversível do tecido sinovial (tecido conjuntivo que tem por função básica o revestimento de estruturas como tendões e cápsulas articulares), bem como de lesões degenerativas da cartilagem, desencadeadas pela presença de sangue nas articulações. A perda de movimentação articular, as contraturas fixas em flexão e a intensa atrofia muscular, causadas pelo desuso da articulação, constituem as características mais proeminentes da artropatia hemofílica. Nos casos mais graves e avançados, a articulação pode ficar rígida, com completa perda da movimentação. A dor é um sintoma importante e controlado com o uso de anti-inflamatórios e analgésicos.

Diagnóstico Molecular para Hemofilia

O diagnóstico molecular das hemofilias é altamente relevante para a identificação de portadoras, naquelas situações em que a condição é possível, mas não obrigatória (filhas de mulher portadora) ou, ainda, naqueles casos em que, embora não exista história familiar prévia da doença, ocorreu o nascimento de indivíduo com hemofilia. Nestas situações, a identificação da condição de portadora é fundamental, particularmente em mulheres em idade fértil, pois permite estruturar um programa de aconselhamento genético/orientação familiar que permite determinar com precisão a condição genética da doença (hereditária ou esporádica).

Outros Fatores de Coagulação e a Trombose

A trombofilia – propensão a formação de coágulos – também é uma alteração genética que afeta a coagulação do sangue causando a formação de trombos (coágulos) venosos ou arteriais. É caracterizada por promover alterações na cascata de coagulação sanguínea, resultando em um maior risco para trombose, além de estar relacionada com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

A trombose é caracterizada pela formação de coágulos de sangue no interior das veias, bloqueando de forma parcial ou total a passagem do sangue. É uma doença com consequências muito graves, mas tem cura e pode ser prevenida.

Além de fatores externos, chamados de adquiridos (como o uso de hormônios, a idade avançada e o tabagismo), o público feminino é comumente atingido pela doença devido à maior frequência de problemas genéticos que desencadeiam a trombose. Estudos apontam que mais de 60% da predisposição à doença sejam atribuídos a esses fatores genéticos. Dois tipos de “defeitos” genéticos no fator de coagulação podem causar trombose venosa: mutações que resultam em deficiência dos inibidores naturais da coagulação e mutações com aumento do nível/função dos fatores de coagulação.

Os fatores de coagulação relacionados à trombofilia são: Protrombina (Fator II), Fator V de Leiden, além da enzima MTHFR C677T, MTHFR A1298C e o plasminogênio tipo 1 (PAI-1).

Diagnóstico Molecular para Trombose

Da mesma maneira que a hemofilia, o diagnóstico molecular para a trombose não é necessariamente para a constatação da doença e sim para a identificação de portadoras dessas mutações. O diagnóstico é fundamental para que seja realizado um acompanhamento médico correto a fim de decidir a melhor conduta e ações de prevenção que devem ser tomadas, pois, ao contrário da hemofilia, a trombose pode ser prevenida e tem cura.


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