A doença celíaca é uma doença autoimune e afeta o intestino delgado, causando um processo infamatório crônico e prejudicando a absorção de nutrientes. O agente causador é o glúten, uma proteína presente no trigo, centeio e na cevada.
Estima-se que 1% da população mundial tenha doença celíaca, inclusive levando a óbito cerca de 42 mil crianças por ano. No Brasil, são 2 milhões de pessoas afetadas, porém, este número pode ser maior, pois ainda há muitos casos sem diagnóstico.
Em cada faixa etária, ocorrem manifestações diferentes:
– Diarreia
– Distensão abdominal
– Problemas de desenvolvimento
– Vômitos
– Irritabilidade
– Falta de apetite
– Em alguns casos, prisão de ventre
– Anemia
– Baixa estatura
– Sintomas neurológicos
– Crises de diarreia (em apenas metade dos casos)
– Desconforto abdominal
– Anemia por deficiência de ferro
– Osteoporose
– Emagrecimento
– Dermatites
– Redução nos níveis de cálcio
– Alterações hepáticas
– Prisão de ventre
Boa parte dos celíacos são do sexo feminino. Para cada caso de um homem com a doença celíaca, existem outros 2 ou 3 em mulheres.
Muitos pacientes podem demorar a receber um diagnóstico preciso da doença celíaca, pois como há uma grande variedade de sintomas apenas a observação clínica não é suficiente.
Por isso, é necessário combinar a análise clínica, laboratorial e histopatológica para ter um resultado preciso.
O profissional da saúde verifica a recorrência dos sintomas reclamados pelo paciente.
Seguindo o protocolo clínico do SUS, o médico poderá solicitar um exame de sangue para verificar a dosagem de imunoglobina IgA e anticorpo antitrasglutaminase IgA e IgG.
Se der positivo, o paciente é encaminhado para a biópsia.
É realizada uma endoscopia com biópsia do bulbo e intestino delgado. No paciente celíaco a mucosa do intestino apresenta vilosidade achatada (atrofiadas).
Este é o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico da doença celíaca. Caso a análise da amostra seja inconclusiva ou não seja recomendado o paciente realizar este método invasivo, é possível recorrer ao estudo genético.
O teste é bastante útil para descartar a doença celíaca. Estudos recentes demonstram que a presença dos marcadores DQ2 e DQ8 compondo o antígeno HLA estão associados a doença celíaca. Contudo, 15% a 30% da população geral também apresentam estes marcadores, apesar de não terem a doença.
O exame então serve para excluir a possibilidade de doença celíaca, pois se o paciente não apresentar os marcadores DQ2 e DQ8 há 99% de chance de ter um diagnóstico negativo.
O sistema leucocitário humano, o HLA, é responsável por ajudar o sistema imunológico a codificar proteínas e reagir a organismos que considere “estranhos” ao corpo. Quando reconhece um antígeno estranho, desencadeia uma resposta com o objetivo de destruí-lo.
Este corpo estranho pode ser um vírus ou bactéria, mas também pode ser um tecido, órgão ou medula transplantado.
Para realizar transplantes é feito justamente o estudo de compatibilidade entre o HLA do doador e do receptor, para que o órgão não corra o risco de ser rejeitado.
O complexo HLA tem muitas variações (mais de 11 mil já foram identificadas) que permite o sistema imunológico de cada pessoa reaja a uma ampla gama de proteínas externas.
A presença de certas variantes do gene HLA aumentam o risco de desenvolver doenças autoimunes, algumas delas são espondilite anquilosante, hanseníase e doença celíaca
A única forma de tratar a doença celíaca é realizar uma dieta totalmente sem glúten de forma permanente. Para isso, deve-se eliminar alimentos compostos de trigo, cevada e centeio. Isso não é tarefa simples, pois boa parte dos alimentos industrializados contém estes cereais.
Por outro lado, há uma variedade de alimentos saudáveis permitidos que podem fazer parte da dieta de um celíaco:
CEREAIS: arroz, milho, painço e os pseudocereais quinoa, amaranto, trigo sarraceno.
FARINHAS e FÉCULAS: farinha de arroz, amido de milho (tipo “maisena”), fubá, farinha de mandioca, fécula de batata, farinha de soja, polvilho, araruta, flocos de arroz e milho.
MASSAS: feitas com as farinhas permitidas.
VERDURAS, FRUTAS E LEGUMES: todos, crus ou cozidos.
LATICÍNIOS: leite, manteiga, queijos e derivados (se não houver intolerância à lactose).
GORDURAS: óleos e azeites.
CARNES: bovina, suína, frango, peixes, ovos e frutos do mar.
GRÃOS: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico, soja.
SEMENTES OLEAGINOSAS: nozes, amêndoas, amendoim, castanhas da Amazônia e caju, avelãs, macadâmias, linhaça, gergelim, abóbora, etc
Links:
http://www.fenacelbra.com.br/fenacelbra/http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/05/Doen–a-Cel–aca—PCDT-Formatado—port1449-2015.pdf
https://veja.abril.com.br/saude/doenca-celiaca-mata-42-000-criancas-todo-ano-no-mundo/
https://drauziovarella.uol.com.br/pediatria/a-doenca-do-gluten/