Culturalmente, homens são acostumados a irem ao médico apenas em últimos casos. Isso tem se tornado um problema de saúde pública, pois a procura pela saúde do homem acontece na atenção especializada, quando o problema já está muito avançado e com menor possibilidade de resolução. Muitas dessas consequências podem ser evitadas, caso realizem regularmente as medidas de prevenção primária.
De acordo com o Ministério da Saúde, 40,3% das mulheres fazem exames de rotina enquanto apenas 28,4% dos homens têm este hábito.
A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também causa o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida.
Para entender melhor estes hábitos, o Ministério da Saúde traçou um perfil da situação da saúde do homem no Brasil e encontrou algumas características comuns na utilização dos serviços públicos de saúde.
A agressividade está biologicamente associada ao sexo masculino e, em grande parte, vinculada ao uso abusivo de álcool, de drogas ilícitas e ao acesso as armas de fogo, que acabam causando ferimentos no agressor ou vítima.
Os profissionais da saúde que atendem estas situações são incentivados pelo Ministério da Saúde a tratar não apenas a reparação dos ferimentos físicos, mas também realizar o encaminhamento psicossocial para intervir nas causas do comportamento violento.
Os homens iniciam mais precocemente o consumo de álcool, tendem a beber mais e trazer consequências para a saúde pública. No Brasil, entre os homens internados com transtornos mentais e comportamentais, 20% deles são devido ao abuso de álcool, enquanto de mulheres são apenas 2% por este motivo.
Outro dado alarmante é que pelo menos 12% da população acima de 12 anos já tem transtornos graves associados ao consumo de álcool e outras drogas.
Os homens também usam cigarros com maior frequência do que as mulheres, o que os deixa mais vulneráveis a doenças cardiovasculares, câncer, problemas pulmonares, doenças bucais e etc.
Buscar um profissional da saúde para falar sobre a vida sexual e reprodutiva ainda é um tabu para muitos homens. Geralmente a busca é tardia, e faz com que o tratamento seja mais difícil com a doença em estágio avançado.
É necessário que adolescentes e adultos em idade reprodutiva possam ser assistidos na saúde do homem, na prevenção de tratamento de IST, em casos de infertilidade e de câncer nos órgãos reprodutores masculinos.
A paternidade não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal, mas, como um direito do homem a participar de todo o processo, desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da criança.
Além dos riscos apontados no perfil comportamental dos homens, há outros motivos que os levam a pouco utilizarem o sistema de saúde, como os horários de atendimento estarem restritos ao horário comercial e a demora no encaminhamento a especialistas, o que gera desistência.
Para atingir o objetivo de ampliar e melhorar o acesso da população masculina adulta aos serviços de saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem é desenvolvida a partir de cinco temas:
Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.
Busca sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.
Sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com seus filhos, destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e parceiros.
Fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.
Visa propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionais de saúde sobre o tema.
Para começar a cuidar hoje mesmo da saúde, os homens podem procurar uma vez por ano um clínico geral ou médico da família e solicitar os seguintes exames: