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Entrevista: jornalista conta como superou o câncer de mama

O câncer de mama afeta 2,1 milhões de mulheres no mundo. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelou que o Brasil somará cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, sendo o tumor mais incidente entre as mulheres depois do câncer de pele-não melanoma.

A jornalista Vanusa Vicelli relata sua experiência de luta contra o câncer de mama em sua palestra intitulada “O dia em que virei estatística”.

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Confira as dicas que ela dá nesta entrevista ao Bioemfoco sobre como prevenir a doença e como ajudar amigos e familiares que estão em tratamento.

Como era sua rotina antes da descoberta do câncer de mama?

Era uma vida dessas malucas que para poder atender a casa, o trabalho, os filhos eu sacrificava muita coisa do dia em relação a mim. Quer dizer, saia sem tomar café da manhã, sem almoço, às vezes, trabalhava altas horas da madrugada, coisa que até hoje tenho que lutar contra porque é uma coisa que eu gosto!

Antes eu não tinha todo esse cuidado comigo, eu tinha com os filhos, por exemplo, mas comigo mesmo não.

Você fazia mamografia periodicamente?

Dos 35 aos 39 anos eu seguia uma rotina de mamografia. Como eu tinha mamas densas, a minha ginecologista solicitava porque sempre apareciam alguns grânulos, mas nunca era nada. E nessa de que nunca era nada eu fiquei tranquila, relaxei e acabava não fazendo, pois é um exame que você tem que marcar com certa antecedência, fazer e depois buscar o resultado. Eu vinha para casa com as requisições, perdia todas e não fazia meu exame.

Como você descobriu que estava com câncer de mama?

Eu tive algo que não é sintomático. Eu tive uma ardência na mama repentinamente por algum motivo que desconheço e eu levei a mão. Foi quando eu senti aquele nódulo e percebi que era um nódulo diferente. Normalmente os ginecologistas dizem: “olha, o dia que você achar algo suspeito você vai ver que é diferente dessa coisa da menstruação que deixa a gente mais inchada e tal”. No meu caso foi exatamente assim, coloquei a mão e já era um nódulo grandinho e foi possível perceber pelo toque.

Quanto tempo durou seu tratamento, dessa descoberta até o final?

Foi um ano. É um tratamento longo, é algo que você passa a se dedicar exclusivamente para você mesmo, tudo aquilo que eu não fazia antes. As mulheres têm esse problema – elas são cuidadoras. Então, é muito ruim você não se cuidar, pode gerar problemas, às vezes, para o resto da vida.

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Neste período você acabou não trabalhando formalmente, mas se dedicou a este tema?

Sim, eu percebi que as pessoas se surpreendiam com a maneira positiva como eu aceitei o câncer, aquilo era um sinal. Eu pensei: “o que eu posso fazer em relação a isso?”. Sei escrever, sou jornalista, então eu vou criar um blog (lacosdopeito.com). Tive ajuda até de um amigo que é designer, ele fez a parte que pra mim é mais difícil de criar o blog e tal, e a partir dali eu comecei a escrever já antes de publicar.

Eu só divulguei o blog depois da minha primeira quimioterapia porque eu ia ficar careca e as pessoas iam ver que tinha algo diferente comigo, eu quis prepará-las. Achei que seria uma coisa boa, mas criou uma comoção que as pessoas começaram a mandar mensagem, me ligar, me procurar assustadíssimas, e realmente ali eu percebi como o câncer tem um estigma que causa toda essa comoção.

Também comecei a gravar vídeos a convite de uma amiga que tinha um canal dentro do Facebook e aquilo me trouxe muita gente, muitas questões, tanto de familiares quanto de pacientes que eu passei também a tratar no blog. Além de descrever o que era meu tratamento, como era, eu tentava dar uma ajuda para quem estava entrando naquele mundo que é completamente desconhecido.

Muitas pessoas aproximam-se do paciente e abordam alguns assuntos que o incomodam. Quais assuntos você acredita que podem ser evitados?

Por exemplo, dizer que cabelo cresce. Não é bom, porque a pessoa não quer saber, vai crescer lá na frente, mas hoje ela está careca e muita gente não aceita bem. Eu tive uma reação diferente, eu curti a careca, acho que todo mundo deveria ficar careca uma vez na vida para deixar de depender do cabelo. Às vezes, a gente não quer sair de casa porque o cabelo não está bom. Aí você se vê careca e tem que sair, não tem outro jeito!

Outra coisa, é contar histórias tristes relacionadas ao câncer ou qualquer outra doença grave. Leve uma palavra positiva, não conte coisas tristes. É muito ruim para o paciente ouvir histórias de quem morreu, de quem não conseguiu por algum motivo ter um resultado satisfatório do tratamento, isso não deve ser falado.

Além disso, eu sugiro que a pessoa muito mais escute do que fale. Também sugiro que você faça coisas muito legais, pode se oferecer, por exemplo, para ir ao supermercado, fazer limpeza na casa, buscar os filhos na escola, este tipo de coisa você pode fazer.

E conte piada! Convide para assistir um vídeo alegre, se estiver com música no ambiente, escolha uma música feliz, que seja para cima, tenta ajudar essa pessoa a não cair em depressão que afeta muito os pacientes de câncer, não só durante o tratamento, no pós também.

Além de trazer um impacto físico, o câncer traz um impacto emocional também ao paciente?

Exatamente, porque você passa a ter problemas de autoestima, você tem muita dúvida sobre o futuro. Você não sabe se o seu tratamento vai dar certo ou não, você não consegue planejar o futuro – e é aí que está o erro. O ideal é que você não deixe os seus planos. Se você puder continuar trabalhando, continue. Faça planos para o futuro e mude o que é possível mudar nos hábitos, na sua maneira de ser.

Por exemplo, dizer ‘ah, não consigo fazer ioga, meditação porque sou muito agitado’. Opa, vamos mudar isso! É hora de repensar e tentar mudar.

Nós temos dados no Brasil impressionantes: Quase 30% dos casos de câncer no Brasil são de mama. Como nós podemos prevenir o câncer de mama, tanto em mulheres quanto em homens?

O câncer de mama é um dos que mais afeta mulheres no Brasil e no mundo. A prevenção passa por alimentação saudável, é comida de verdade, aquela que você descasca, que você corta, se possível orgânica, integral, muita fruta. A Organização Mundial da Saúde ela sugere que se consuma 5 tipos de frutas por dia. Também fazer exercício físico, 5 vezes por semana, 30 minutos por dia é importante, se puder fazer mais, melhor. Evitar o estresse, o álcool e o fumo.

Estas são medidas que vão te deixar mais saudável para lutar contra qualquer doença, além de combater o câncer. Estes hábitos vão evitar doenças caso você seja como eu, “premiada” com o câncer.

Sabe-se também que amamentar e ter filhos antes dos 30 anos é bom para evitar o câncer de mama.

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