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A Organização Mundial da Saúde (OMS) listou os principais desafios globais da saúde que precisam ser enfrentados ou resolvidos nesta próxima década. O diretor geral da OMS, Dr Tedros Adhanom Ghebreyesus divulgou junto a lista de desafios o seguinte parecer:

No início desse novo ano e nova década, a OMS divulgou uma lista de desafios globais para saúde urgentes. Esta lista, desenvolvida com a contribuição de especialistas do mundo todo, reflete uma profunda preocupação de que os líderes não estão investindo recursos suficientes nas principais prioridades e sistemas de saúde. Isso coloca vidas, meios de subsistência e economias em risco. Nenhuma dessas questões são simples de se resolver, mas são alcançáveis. A saúde pública é, em última análise, uma escolha política.

Precisamos perceber que a saúde é um investimento no futuro. Países investem pesado em proteção da população a ataques terroristas, mas não contra ataques de vírus, que pode ser bem mais mortal e causa mais estragos econômicos e sociais. Uma pandemia poderia derrubar economias e nações. É por isso que a saúde não pode ser só um problema do Ministério da Saúde.

Todos os desafios da lista demandam uma resposta de mais de um setor, não apenas da saúde. Enfrentamos ameaças compartilhadas e temos a responsabilidade conjunta de agir. Com um prazo de até 2030 para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento sustentável se aproximando rapidamente, a Assembleia Geral das Nações Unidas destacou os próximos anos a ser a década da ação.

Isso significa advogar a necessidade de financiamento nacional para suprir lacunas do sistema de saúde e sua infraestrutura, assim como providenciar suporte aos países mais vulneráveis. Investir agora salvará vidas – e dinheiro – mais tarde. O custo de não fazer nada é aquele que não podemos pagar.

Governos, comunidades e agências internacionais devem trabalhar juntas para alcançar estas metas críticas. Não há atalhos para um mundo mais saudável. 2030 está aí e devemos responsabilizar nossos líderes por seus compromissos.

13 desafios da saúde para a próxima década

1 – Ressaltar a saúde no debate climático

A crise climática é uma crise de saúde. Estima-se que a poluição do ar mata 7 milhões de pessoas todos os anos, enquanto estas mudanças causam eventos climáticos mais extremos, agravam a desnutrição e aumentam o contágio de doenças infecciosas como a malária. As mesmas emissões que causam aquecimento global são responsáveis por mais de um quarto de mortes por ataque cardíaco, acidente vascular encefálico, câncer no pulmão e doença respiratória crônica. Líderes do setor público e privado devem trabalhar juntos para limpar nosso ar e conter os impactos das mudanças climáticas.

2 – Levar saúde nas áreas de conflitos e crises

Em 2019, a maior parte dos surtos de doenças que requeriam alto nível de resposta o qual a OMS foi responsável ocorreu em países com conflito prolongado.  Também vimos a continuação de uma tendência preocupante na qual os profissionais da saúde são direcionados. A OMS registrou 978 ataques a postos de saúde em 11 países no último ano, com 193 mortos. Ao mesmo tempo, conflitos estão forçando um número recorde de pessoas a sair de suas próprias casas, deixando dezenas de milhões de pessoas com pouco acesso a cuidados básicos de saúde por muitos anos.

3 – Tornar o acesso a saúde mais justo

As lacunas socioeconômicas persistente e crescente resultam em discrepâncias na qualidade de saúde da população. Não há apenas uma diferença de 18 anos na expectativa de vida entre países ricos e pobres, mas também há diferenças dentro de próprios países e cidades. Enquanto isso, o aumento global de doenças não transmissíveis, como câncer, doença respiratória crônica e diabetes tem crescido desproporcionalmente em países de baixa e média renda, o que pode esgotar rapidamente os recursos das famílias mais pobres.

4 – Expandir o acesso a remédios

Cerca de um terço da população mundial não tem acesso a remédios, vacinas, diagnósticos e outros produtos de saúde essenciais. A falta de acesso a produtos de saúde de qualidade ameaça à saúde e a vida, o que pode colocar pacientes em risco e aumentar a resistência a medicamentos. Remédios e outros produtos são a segunda maior despesa dos sistemas de saúde (atrás apenas do gasto com profissionais da saúde) e o maior componente da despesa privada em saúde dos países de baixa e média renda.

5 – Parar as doenças infecciosas

Doenças infecciosas como HIV, tuberculose, hepatites virais, malária, doenças tropicais negligenciadas e infecções sexualmente transmissíveis vão matar uma estimativa de 4 milhões de pessoas em 2020, número ainda maior entre os mais pobres. Enquanto isso, doenças com vacinas preventivas continuam letais, como sarampo, que tirou 140 mil vidas em 2019, muitas delas crianças. Embora a poliomielite esteja à beira da erradicação, houve 156 casos de poliovírus selvagem no último ano, o maior número desde 2014.

As principais causas são níveis insuficientes de financiamento e a fraqueza do sistema de saúde nos países endêmicos, juntamente com a falta de comprometimento dos países mais ricos.

6 – Preparar-se para epidemias

Todos os anos, o mundo gasta muito mais com a resposta a surtos de doenças, desastres naturais e outras emergências médicas do que com preparação e prevenção delas. Uma nova pandemia, de um vírus altamente infeccioso no ar – provavelmente uma cepa de influenza – a qual muitas pessoas não têm imunidade é inevitável. O problema não é se haverá uma nova pandemia, mas quando, e quando ela se espalhará rapidamente, potencialmente ameaçando milhares de vidas. Enquanto isso, doenças transmitidas por vetores como malária, dengue, zika, chikungunya e febre amarela estão se espalhando à medida que o mosquito se desloca para novas áreas, afetadas pelas mudanças climáticas.

7 – Proteger a população de produtos perigosos

Falta de comida, alimentos contaminados e dietas não saudáveis são responsáveis por quase um terço da carga global das doenças atuais. A fome continua a atormentar milhões, com a escassez de alimentos sendo explorada como armas de guerra. Ao mesmo tempo, à medida que as pessoas consomem alimentos com alto teor de açúcar, gordura saturada, gordura trans e sal, o sobrepeso, obesidade e doenças relacionadas à dieta são um risco global. Enquanto isso, o uso do tabaco está diminuindo em alguns países, mas cresce em outros, e há várias evidências dos riscos à saúde dos cigarros eletrônicos.

8 – Investir naqueles que defendem nossa saúde

O baixo investimento crônico em educação e a falta de mercado a profissionais da saúde, associado a falta de garantia de um salário decente, levou a escassez de profissionais da saúde no mundo todo. Isso compromete os serviços de saúde, assistência social e os sistemas de saúde sustentáveis. O mundo precisará de 18 milhões de profissionais da saúde a mais até 2030, principalmente em países de baixa e média renda, incluindo 9 milhões de enfermeiros e parteiras.

9 – Manter os adolescentes seguros

Mais de um milhão de adolescentes entre 10 a 19 anos morrem todos os anos. As principais causas das mortes nesta faixa etária são acidentes de trânsito, HIV, suicídio, infecções respiratórias, e violência. Uso excessivo de álcool, tabaco, drogas, falta de atividade física, sexo desprotegido e exposição precoce a maus tratos infantis podem aumentar os riscos das causas dessas mortes.

10 – Ganhar a confiança pública

A confiança ajuda a determinar se os pacientes utilizarão os serviços de saúde e seguirão o conselho de um profissional de saúde – se tomarão vacinas, medicamentos ou usarão preservativos. A saúde pública é comprometida pela disseminação descontrolada de informações falsas nas mídias sociais, bem como por uma quebra de confiança nas instituições públicas. O movimento antivacina tem sido um fator significativo no aumento de mortes em doenças evitáveis.

11 – Aproveitar as novas tecnologias

Novas tecnologias estão revolucionando nossa habilidade de prevenir, diagnosticar e tratar muitas doenças. A edição do genoma, biologia sintética e tecnologias digitais de saúde, como inteligência artificial podem resolver muitos problemas, mas também levantam novas questões e desafios para monitoramento e regulamentação. Sem uma compreensão mais profunda das implicações éticas e sociais, estas novas tecnologias – que incluem a capacidade de criar novos organismos – podem prejudicar as pessoas as quais pretendem ajudar.

12 – Proteger os remédios assim como eles nos protegem

A resistência antimicrobiana (AMR) ameaça a medicina moderna a retroceder para era pré-antibiótica, quando mesmo as cirurgias de rotina eram perigosas. O aumento da AMR se deve por diversos fatores que juntos são bem preocupantes, incluindo a prescrição irregular de uso de antibióticos, falta de acesso a medicamentos de qualidade, falta de água potável, saneamento, higiene, prevenção e controle de infecções.

13 – Manter limpeza nos cuidados com a saúde

Aproximadamente 1 a cada 4 instituições de saúde do mundo carece de recursos hídricos básicos. Serviços de água, saneamento e higiene são essenciais para o funcionamento de um sistema de saúde. A falta desses itens básicos leva a cuidados de baixa qualidade e aumenta a chance de infecção para pacientes e profissionais de saúde. Tudo isso está acontecendo em um cenário de bilhões de pessoas em todo o mundo em comunidades que vivem sem água limpa para beber ou serviços sanitários adequados – os quais são os principais causadores de doenças.

Nota: Os desafios não estão listados por ordem de prioridade. Todos são urgentes e muitos estão interligados.

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